A necessidade de parar para pensar a história
pessoal deve ser uma constante da vida. Também a pessoa não é se não procurar
pensar o seu modo de ser no que diz respeito ao passado, enquanto está a viver
e quanto à perspectiva do futuro. Será muito importante esta preocupação em
relação ao passado, ao presente e ao futuro na procura da felicidade.
O antigo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes
dizia: «Somos como o canhão, recuamos para que o projéctil vá ainda mais
longe». Esta necessidade de parar e de fazer silêncio, é muito importante para
pensar a vida e tudo o que ela implica para o bem próprio e do mundo. Muitas
vezes o ficar quieto e o estar calado não significa, de modo nenhum,
subserviência ou passividade perante as coisas que passam, mas significa
procura lúcida de um bem próprio para melhor servir a vida e o mundo.
A paixão pela vida, pelo que sou e pelo que posso
dar, obriga-me a olhar a própria história com amor e compaixão para depois me
relançar outra vez sobre o que sou. Olhar a própria história, é a possibilidade
de reconciliar-se consigo mesmo, harmonizar o espaço, organizar-se, criar
espaço para poder funcionar e relançar-se outra vez sobre as coisas da vida.
É preciso valorizar e acolher com amor aquilo que
somos e temos dentro de nós. Não há outra história da salvação de Deus à margem
da nossa história pessoal. A história da salvação é a história da humanidade.
Estar contra esta forma de pensar a acção de Deus é violar o projecto de
salvação de Deus para o mundo e para a humanidade toda.
Agora peço-vos um pequeno exercício de adaptação.
Reparemos na frase de Martin Buber: «Deus não me pedirá contas de não ter sido
Francisco de Assis ou mesmo Jesus Cristo. Deus vai pedir-me contas de eu não
ter sido completa e intensamente Martin Buber». Que Deus nos ajude a
sermos plenamente o que somos e o que
Ele deseja que sejamos para que se conjugue em paz o querer de Deus com o nosso.
1 comentário:
Padre José Luis Rodrigues,Amigo e Irmão em primeiro lugar adoro essa estátua Le Penseur de Augusto Rodin que tive o privilégio de ver e que tenho outro privilégio,que é o de ter uma réplica. Em segundo lugar gostei muito da sua linda prosa de reflexão pela qual farei o possível de meditar no dia de hj. O nome de "António Ferreira Gomes" é-me muito querido pela razões que o Pe.José Luís sabe.
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