No Angelus deste domingo, 20 de Outubro
de 2013, o Papa Francisco fez a seguinte afirmação que me chamou atenção: «A
luta contra o mal é dura e longa, requer paciência e resistência» (da alocução
que precedeu a oração mariana do Angelus, aos milhares de fiéis reunidos na
Praça de São Pedro).
Esta afirmação reveste-se de uma actualidade
muito grande. O mundo está tão injustamente desarranjado que precisamos de
muita gente consciente desta «luta dura contra o mal» sem desanimar nunca. A
paciência terá que ser o valor principal e a força para resistir estoicamente.
No fundo, não está dito que precisamos de heróis, mas de mulheres e homens
normais que assumam de verdade o caminho da luta contra todo o mal que ensombra
o mundo e a vida de hoje. Os valores da justiça, da transparência e da
honestidade, são os alicerces desta luta dura contra o mal. Quanto precisamos
de gente que se alimenta deste pão todos dias da sua vida…
Precisamos de gente que luta contra a
irresponsabilidade e insensibilidade de governantes perante a realidade
concreta dos seus povos. Como podemos tolerar que um político desacreditado em
toda a linha como Paulo Portas tenha vindo a terreiro dizer que os pobres não
se manifestam? - Até sabemos porquê… Porque a insensibilidade de governantes desta
estirpe é tanta que decretaram, uma família com rendimento mensal acima dos 500
euros é uma família rica. Extraordinário. Só pode vir de gente que não vai ao
supermercado, que não paga água, luz e todas as despesas mensais normais em
qualquer família.
Mais ainda se torna urgente uma luta dura
contra os mercados e as troicas que tomaram de assalto os Estados subjugando-os
pelas dívidas que devem a ser pagas sem pestanejar à conta de juros
elevadíssimos com sacrifícios astronómicos para o povo.
A luta também deve ser contra o vazio cultural
que paira nas cabeças de quem tem responsabilidades em todos os domínios da
sociedade. Uma luta sem tréguas contra a falta de sensibilidade democrática,
contra a cleptocracia e contra todas as formas de governo que põem em causa os
direitos elementares da convivência democrática. Tudo isto se traduz no
desrespeito contra a cultura e contra a pluralidade da sociedade.
Uma luta contra a fome e a pobreza que
alastra em todo o mundo. Mesmo até nas sociedades consideradas dentro de
determinados patamares de desenvolvimento. Sem o fim da pobreza e da fome a
humanidade continua a caminhar para um mais que certo suicídio.
A luta contra o mal que nos rodeia
requer persistência e paciência porque o caminho será longo, mas como diz o poeta
António Machado, «O caminho faz-se caminhando», que todos se sintam convocados
para esta grande luta que fala o Papa Francisco mesmo que tenhamos que derramar
lágrimas e sangue.
1 comentário:
Bom dia Padre
Os seus artigos ajudam-nos numa meditação actual para nos situarmos no meio da Igreja e da sociedade deste tempo.
As forças do mal são cada dia mais poderosas e nefastas.
O homem procura o prazer em vez de procurar o bem em Deus e nos irmãos.
As forças do mal estão vivas e a Fé em Jesus vai esmorecendo. Muitos sendo católicos já O desconhecem.
Desconhecem a Sua mensagem e o Seu amor. São até capazes de O trocar por outra religião...
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