Mesa da palavra
Comentário à Missa deste domingo
XXX Tempo Comum, 27 Outubro de 2013
São
muitas as tentativas para comprar Deus. O que está por detrás de tais gestos
pouco humildes é a tentativa de manipular Deus. Isto é, não são raros os que
pensam que é possível fabricar um Deus à maneira de cada um e que com palavras
benévolas a seu favor e contra os outros, podem dar a volta à misericórdia de
Deus e à sua bondade.
Provavelmente,
pensamos que podemos desviar a atenção de Deus escondendo os nossos desmandos
com palavras mansas e rezas piedosas. Esta lógica da manipulação não se coaduna
com o agir de Deus Pai/Mãe de Jesus, que abre a porta do seu coração de par em
par para todos, bons e maus, contraindo assim as nossas pretensões justiceiras.
Não
é a fé a única razão da dedicação à Igreja para muita gente. Mas muitos haverá,
que se envolvem em grupos, movimentos e actividades da igreja não com a
intenção de servir a comunidade, mas para se promoverem e mostrarem que são
mais importantes que todos os outros e ganharem dinheiro com isso. O espírito
sectário em alguns destes grupos é tremendo.
Apontar
os erros dos outros é sempre mais fácil. Mas, o valor de uma pessoa está na sua
capacidade de reconhecer os seus defeitos e depois tentar melhorar sempre em
cada hora da vida.
Jesus
quis mostrar que não é com a exaltação pessoal que agradamos a Deus, mas com o
reconhecimento das nossas falhas e dos nossos pecados.
Reconheço
portanto, que muitos haverá na igreja que sabem verdadeiramente estar ao
serviço da comunidade sem interesse nenhum. Não reclamam qualquer
reconhecimento. No silêncio da oração e do encontro com Deus mostram quanto a
sua fé se alimenta de humildade e de fé verdadeira no Reino de Deus.
Se
meditamos assim, somos levados a concluir que Deus detesta ser comprado com
ofertas bajuladoras, ritos anacrónicos e sem sentido, orações ocas e sem
conteúdo, celebrações faustosas que enchem os olhos sem qualquer consistência
na vida prática. É um engano pensar que são as nossas muitas coisas que rezamos
e celebramos que nos justificam. O que nos salva é sempre a bondade e a
misericórdia de Deus. E Ele salva e justifica quem reconhece a sua inutilidade
e miséria, descobrindo que o amor e a justificação são gestos da profunda gratuidade
de Deus. Nada em Deus está à venda, tudo é oferta de amor que se derrama em
todos os corações disponíveis para o acontecer dessa graça, que transforma a
vida e o mundo quando vivido intensamente em cada homem e em cada mulher.
1 comentário:
Concordo com a ideia base deste artigo: "Deus não está à venda"!Devo confessar, porém, que quase tudo na igreja é feito para "comprar" Deus.Pelo menos, é o que ela dá a entender ao espírito dos fiéis através das suas práticas e dos seus ensinamentos.Para o verificarmos basta tornarmo-nos um pouco independentes dela, do seu poder.
"ritos anacrónicos e sem sentido";"celebrações faustosas"onde as vemos diariamente?
Na instituição há membros que sentem e sofrem com o que vêem dizer e fazer entre pares mas quase nenhuns têm a coragem de arriscar tudo "chamando os bois pelos nomes"!Os que não temem, rapidamente são "crucificados", vilipendiados. Afinal são esses os "Jesus" de todos os tempos...Os outros, funcionários apenas.
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