Comentário para a quem vai à missa e não só neste domingo IV da Páscoa.
A voz de Jesus é uma voz que nos toca no
mais fundo da existência e faz de cada pessoa humana, um caminho de realização
do seu amor pela vida. A salvação não tem outra possibilidade senão essa do
amor que Jesus nos oferece e nos manda viver em todos os momentos da nossa
existência. O poeta Fernando Pessoa definiu tão bem cada momento da vida desta
forma: «Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento
passar, vale a pena ter nascido».
No Evangelho de João aprendemos esta lição
formidável que Deus nos deu através de Jesus. Deus é Pai e tomou-nos a todos
como seus filhos, deu-nos a vida eterna, nunca havemos de morrer, nunca
sairemos da mão de Deus, fomos dados a Jesus – Filho de Deus – para que com Ele
nos tornássemos também filhos muito amados deste Deus que é Pai/Mãe, que Jesus
nos mostra.
Outra coisa extraordinária que Jesus nos
revela é que «Eu e o Pai, somos um só» – diz Jesus. Esta frase revela-nos como
é forte a comunhão que existe entre o Deus Pai/Mãe e o Filho. Até hoje nenhum
filho foi capaz de pronunciar uma coisa tão formidável em termos de relação
entre paternidade/maternidade e filiação. Só Jesus, porque sabendo de onde
vinha podia pronunciar esta riqueza de relação entre pai/mãe e filho.
Como viver hoje esta intimidade com
Deus? – É o próprio Jesus que nos vai ensinar. Todos os que souberem escutar a
sua voz irão aprender como viver essa intimidade de amor. Mas a nossa vida, por
vezes, está tão envolta em necessidades ou na falta delas que não nos predispõe
para um verdadeiro encontro de intimidade que Jesus nos oferece. As tribulações
da vida não permitem descobrir a verdade dessa descoberta. Bastava que o
pensamento de Bob Marley no iluminasse: «Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta
seja sentida». São tantos os lugares e os momentos da vida onde somos necessários. É preciso estar atento e ousar fazer.
Por isso, onde existe a teimosia soberba
para a vivência constante do ódio e do rancor não pode haver lugar no coração
para o encontro da intimidade de Deus nem pode haver predisposição para a
escuta da voz do Senhor Jesus. Neste dom extraordinário que é a vida, Jesus
convoca-nos para a procura do sentido último radicado na transcendência para
que viver neste mundo não seja apenas estar sem horizonte, mas fixados no céu. Porque «A vida é maravilhosa se não se tem medo dela» (Charles Chaplin), não tenhamos medo da vida e vamos dar a vida para
gerar ainda mais vida sempre.
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