Manchete do Dnotícias, 29 de abril de 2016 |
Tenho sérias dúvidas quanto a esta
iniciativa. Não compreendo que um serviço público tenha que prestar a conta a
cada cidadão que dele se sirva, quando a vocação única desse organismo é estar
ao serviço do cidadão. Que o faça em termos gerais, muito bem, deve fazê-lo em
nome da transparência democrática, podendo até fazê-lo quanto ao gasto que é
feito em média por cada cidadão que dele usufrua.
Mas a ser feito a cada cidadão com
cabeçalho a apresentar o seu nome, morada e outros, não me parece boa política.
Aqui temos um mau exemplo e pode fazer suscitar os piores sentimentos de uns
cidadãos em relação a outros. Uns mais gastadores, outros menos, uns merecerão e
outros não. Os ciúmes, invejas e revoltas de uns contra os outros não tardarão.
Os serviços públicos tendencialmente
gratuitos são pagos por todos os contribuintes para que tal serviço esteja para
todos os cidadãos. Esta é uma solidariedade organizada que merece ser
respeitada e que ninguém tem o direito de pôr em causa. Estes serviços são
universais e ponto final. Ainda mais se falamos nos serviços respeitantes à
saúde.
Não venham agora com medidas avulso
prejudiciais para os bons sentimentos dos cidadãos, que há muito tempo
compreenderam que os serviços públicos de saúde são pagos por todos nós e que
funcionam o mais universal possível. Mais ainda não podem em nome de algo que
não sabemos o quê, implementar medidas deste género para esconder a anarquia em
que mergulhou o Serviço Regional de Saúde e os disparates levados a cabo pelos
irresponsáveis que no governo e nos hospitais andaram a fazer durante os
últimos anos.
Mas, se for para contabilizar tudo e
escarrapachar a conta ao cidadão individualmente, então que se faça em tudo e
com todos os serviços públicos. Também devem os cidadãos apresentar a conta ao
Estado pelas demoras infindáveis quando solicitam o atendimento dos diversos
serviços, especialmente, as horas infindáveis que levam para atender uma pessoa
nas urgências dos hospitais. Que os prejudicados façam as contas das horas que
perdem nessas demoras (tempo é dinheiro, lembram-se?) tanto as vítimas como os
seus acompanhantes. Que sejam apresentadas todas as contas dos prejuízos que os
serviços tantas vezes fazem acontecer porque não cumprem a tempo e horas o que
lhes foi solicitado.
Parece que é melhor estarem quietos e
não levantem precedentes patéticos para que não surjam dissabores graves para
quem está à frente dos balcões a atender os cidadãos, porque senão é caso para
perguntarmos, onde é que isto vai parar?
Sem comentários:
Enviar um comentário