Comentário para a missa deste domingo VI da Páscoa. Servem para quem habitualmente vai à igreja e não só.
O Paráclito é o
defensor. O advogado de defesa se preferimos um conceito mais próximo dos
nossos dias. É este mistério silencioso que nos acompanha desde sempre.
Realidade de amor, do amor de Deus. E tudo o que é do amor é misterioso,
carregado de silêncio, mas criativo e aberto ao assombro da vida no encontro
com os outros.
Nos tempos da
vida prática de Jesus alguns julgamentos eram realizados do seguinte modo.
Reuniam uma grande assembleia para julgar alguma pessoa que tivesse cometido
algum crime. O juiz que presidia ao julgamento em determinado momento
perguntava a assembleia se haveria alguém disposto a defender o criminoso, se
alguém se levantasse, saía do seu lugar e colocava-se ao lado do réu, esta
pessoa assumia a sua defesa, por isso, recebia a designação de Paráclito.
Jesus, ao falar
do Espírito Santo, apresentando-o como defensor dos seus discípulos, pegou na
figura do Paráclito, sobejamente conhecido por todos, para ensinar o que seria
o Espírito Santo, o defensor de todos os que assumissem a missão do anúncio do
Reino de Jesus. Este é o único Espírito que salva e que pode dar garantias de
futuro. Nada nos deve demover desta procura.
O Espírito de
Deus é um caminho de salvação que nos garante uma possibilidade de encontro
para sermos felizes e ganharmos coragem para defender com tenacidade as causas
em que nos envolvemos. Então, se muitas coisas falham, é porque nos falta o
Espírito que nos remeta para o interior, porque de exterioridades estamos mais
que saturados, para que aí nos encontremos para buscar o essencial que nos leve
ao encontro com os outros, isto é, todos aqueles que Deus nos coloca diante da
vida para realizarmos o amor na «luta» pela justiça e pelo bem comum.
Que o Espírito
de Deus nos faça sempre novos na criatividade que o amor em nós sempre
proporciona. Pois, que nos livre do egoísmo, da ganância de que pode ser
possível sermos gente sem mais ninguém e que a luz do coração nos revele sempre
sabedoria para levarmos à prática na relação com os outros o alerta
de Saint-Exupéry: «Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos
olhos». Deixemos então que o que somos e o que realizamos pelas tarefas do
dia a dia sejam guiadas por essa realidade interior, mesmo que cheia de
mistério, mas se tomada como essencial, condimenta o nosso mundo com a grandeza
da felicidade e do bem para todos.
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