1. Há um chão coberto de copos de
plástico, uns inteiros, outros já esmagados, cá e lá ainda cheios, outros meio
cheios em cima dos muros e também nos recantos do chão. A seguir vejo garrafas
de aguardente de cana partidas, outras inteiras ainda direitas, mas totalmente
esvaziadas. Até pensei que por ali tinha passado um vendaval. Havia uma alma
que por ali já estava de mangueira em punho a juntar tudo e a lavar aquele chão
do tsunami banhado pela noite dentro com urina. O cheiro nauseabundo faz-se
sentir por todo lado naquele enorme local convertido durante a noite em
mictório.
2. Não faltam turistas a passar pela
zona, que podem apreciar o cartão de visita, cheiro intenso de urina e bela
vista para os olhos contemplarem um chão sujo de plásticos e guardanapos usados,
atirados ao chão como se aquele lugar da cidade fosse a bodega espanhola onde
se pode deitar tudo para o chão. Uma imagem desoladora e um péssimo cartaz
turístico, para quem chega de barco à cidade ou para os que frequentemente se dirigem
por aquela zona vindos dos hotéis e que não dispensam a bela caminhada a pé até
ao centro da cidade que nos dias normais aquele locar tão aprazível da nossa
cidade proporciona.
3. Este é o ambiente circundante na zona
da Praça do Mar, feito com coisas usadas durante a noitada. Mas, pior ainda são
os bandos de jovens e adolescentes deitados no chão, sentados em cima dos muros
ou a pastar de um lado para outro aos berros não escondendo de ninguém o que
foi a noite bem regada. Alguns adolescentes, particularmente, raparigas têm
umas olheiras de caixão à cova completamente bêbadas. Cigarro atrás de cigarro
e entremeio goles de algum resto de bebida que por ali ainda sobra. Temos uma
lei que proíbe bebidas alcoólicas a menores. O que não seria se a não
tivéssemos…
4. Já cansa ter que falar sobre os pais
desta gente. Não quero passar com esta minha reflexão uma ideia de
conservadorismo parolo. Mas devia inquietar a sociedade inteira,
particularmente, os pais dos jovens e adolescentes que andam a dar este espectáculo
de bandos de jovens vagando pelas ruas a madrugada inteira, tão bêbados a ponto
de nem conseguirem falar ou andar direito. Este devia ser um tema de
importância social, não só por causa da violência que o álcool representa e
gera, mas por causa da fragilidade dos adolescentes, especialmente, as raparigas,
que às vezes são molestadas ou violadas, porque não estão em condições de se
defenderem. Calculo que sejam alguns dos pais destes adolescentes e jovens, que
devem ser daqueles que vão à escola insultar, agredir e participar dos
professores porque o seu menino ou menina queixou-se porque a professora falou
alto durante a aula com ele ou marcou uma falta por mau comportamento.
5. O álcool tornou-se
tão quotidiano que hoje ninguém precisa de se explicar por que bebe, mas tem
que dar explicações por não bebe. Estas bebedeiras de cavalo dos mais novos não
tem propósito nenhum, são apenas para deixá-los bêbedos para curtir a noite. O
ambiente que circunda os lugares da diversão é bem revelador da degradação em
que estamos e da irresponsabilidade que a sociedade apresenta, especialmente,
os casais que são pais e as entidades que deviam fiscalizar o consumo de álcool
entre aqueles que ainda são menores.
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