Reflexão sobre a missa do domingo VII Tempo Comum. Pode interessar a quem vai à missa habitualmente ao fim de semana, mas não só...
Segundo
S. Tomás «Deus é simples e uno». Perante tais atributos essenciais de Deus,
descobrimos a perfeição divina e nisso consiste a indefinição de Deus, porque
Deus não é isto ou aquilo, Deus é e ponto final.
Na
medida em que descobrimos a criação de Deus, começamos a considerar que Deus é
demonstrável, como ensina S. João Damasceno. Toda a obra de Deus manifesta os
sinais da Sua presença. Por esta via compreende-se o apelo de Jesus: «sede
perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito». Mais, se somos criação de
Deus, qual o porquê deste apelo? - Porque se, por um lado, participamos na vida
divina, por outro, pela natureza, carregamos ainda a limitação essencial de
sermos realidade física, material. Nesta contingência da vida deste mundo,
Jesus deseja que os seus discípulos sejam capazes do amor, do perdão, da
amizade e da fraternidade com todos (e como grande desafio, viver esses
sentimentos/valores até com os piores inimigos - esta é a grande novidade da
religião cristã).
Em
nenhum momento do Evangelho Jesus nos pede que sejamos uns «coitadinhos» que se
sujeitam a todas as maldades. Esta ideia tão famosa e utilizada nos discursos:
«se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda», nada tem
que ver com essa ideia que devemos ser uns insubmissos, «agachados» que se
sujeitam a tudo e a todos.
Jesus
ensina-nos, em particular, que a intolerância e a repugnância pelos nossos semelhantes, são atitudes contra o Reino de Deus. Os cristãos são chamados a viver
mediante uma abertura constante para o perdão e para o acolhimento dos outros
tal como eles são. Não é legítimo que sejamos muito exigentes com os outros e
que não sejamos capazes de viver connosco próprios, isso que se exige aos
outros.
Ninguém tem autoridade para pedir aos irmãos aquilo que não é capaz de
fazer. De que nos serve se manifestamos muitos escrúpulos e intolerância
desnecessária diante das atitudes dos outros se depois realizamos o mesmo ou o
pior contra o bem despreocupadamente e sem pudor absolutamente nenhum? - O
cristianismo que nós professamos não é uma religião de simples seguidores de um
plano ou projecto político ou social. É antes uma forma de vida que nos toca
por dentro, porque nos convoca para o seguimento de uma pessoa concreta que nos
fala e nos desafia para atitudes de amor, isto é, os outros deixam de ser só
semelhantes, para serem irmãos que devemos acolher e amar desmedidamente.
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