Comensal
divino
1. Francisco, toda a gente sabe de quem
se trata. É o Papa Francisco. Burke, é o cardeal
norte-americano Raymund Burke, que lidera a corrente conservadora do Vaticano e
alguma contestação pública ao Papa Francisco. Burke é a personificação de tudo
o que o Papa jesuíta repudia em Roma: o fausto, a pompa, o luxo desmesurado de
quem se julga superior aos outros mortais. Duas visões da Igreja Católica. Uma
tipo pacote e outra que se vai fazendo diante dos contornos multifacetados da
vida de cada tempo e contexto histórico da vida da humanidade.
2. A Igreja de Francisco é a Igreja do
Evangelho, cuja figura central é Jesus de Nazaré, o Cristo. É esta Igreja que conta,
porque seguindo Jesus Cristo, o Papa Francisco reafirma o seguinte: «Deus é um
pai zeloso, atento, pronto para acolher qualquer pessoa que dê um mau passo ou
que tenha o desejo de dar um passo na direção de casa. Ele está ali a observar
o horizonte, espera-nos, está já à nossa espera. Nenhum pecado humano por muito
grave que seja pode prevalecer sobre a misericórdia ou limitá-la». Burke e os
seus pajens não gostam…
3. A Igreja de Burke, é a Igreja
imperialista, do poder absoluto, imutável e seguidora de «receitas» iguais para
todas as situações e para todos os tempos. Burke gosta de vestir altas vezes,
faustosas e luminosas, frequentemente entra nos lugares com um manto (a "Cappa Magna") com uma
cauda tão cumprida que precisa de vários jovens para a segurem. Esta Igreja faustosa não é a «Igreja da misericórdia» e do «encontro»
com os pobres, os que falharam, os que não pertencem à Igreja (o ecumenismo não
existe), é a Igreja feita com os eleitos que são superiores aos outros, que
sabem tudo e de tudo para imporem aos outros, é a Igreja empacotada na doutrina
quanto mais antiga melhor, sem a carne do Evangelho. Obviamente, que esta
Igreja não é aceitável e deve converter-se à vida tal como ela é hoje.
4. Em síntese, a Igreja Católica é uma
diversidade muito grande. Com uma enorme multiplicidade de sensibilidades, por
isso, requer sabedoria para que não exista necessidade de se falar em lutas,
hereges e excomunhões... Todos têm lugar na Igreja Católica e ninguém deve ser
excluído só porque pensa diferente ou faz a interpretação noutro sentido,
porém, isso não lhe dá o direito de pretender impor universalmente aquilo que
acha ser verdade absoluta e que fora disso está tudo perdido. Assim, apesar de
tudo, o sonho continua sem necessidade de abater ninguém. Que o Mestre do Evangelho
nos ajude.
3 comentários:
A grande questão é compreender e explicar o que realmente significa "verdade absoluta e que fora disso está tudo perdido" e "Nenhum pecado humano por muito grave que seja pode prevalecer sobre a misericórdia ou limitá-la".
"A Fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela fé, o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade»"
Sim existe uma Verdade absoluta que Deus nos revelou e fora da qual está tudo perdido, como nos indica a Lumen Gentium nos pontos 14,15 e 16.
Nenhum pecado pode ser tão grave que impeça a misericórdia, isso é verdade, mas para podermos receber o abraço da misericórdia temos também de abrir os nossos braços.
Para realmente entrarmos e recebermos a misericórdia que Deus sempre nos oferece é necessário ou não fazer pelo menos o sacramento da reconciliação com o firme propósito de emenda para nos reconciliarmos com Deus?
Que se deve fazer para alcançar a vida eterna?
"Tu sabes os mandamentos: Não cometerás adultério, não matarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe." (Lc 18, 20)
"Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, distribui o dinheiro pelos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-me." (Lc 18, 22)
"o fausto, a pompa, o luxo desmesurado de quem se julga superior aos outros mortais"
Dois ensinamentos importantes do Mestre são:
"Não julgueis pelas aparências; julgai com um juízo recto."(Jo 7,24)
"Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não reparas na trave que está na tua própria vista?" (Lc 6,41)
Para o primeiro basta ir à wikipédia ver que a Capa Magna "simboliza a suprema jurisdição do prelado, a schola cantorum muitas vezes, canta na procissão a antífona "Ecce Sacerdos Magnus" ("Eis o sumo sacerdote"), pois segundo a doutrina católica, o prelado exerce suas funções sacerdotais, no lugar de Cristo, como seu Vigário", assim em vez de julgarmos pelas aparências aprendemos que esta é simbolo de Cristo sumo sacerdote, cujo vermelho é o sangue que derramou por nós. Podemos gostar ou não mas não é isso que a torna pompa, luxo ou superioridade.
Para o segundo pode-se reflectir que tanto o Papa Francisco como o Cardeal Burke cumprem as normas da Igreja, o primeiro de forma simples o segundo de forma mais adornada. Mas ambas estão previstas como expressões normais da Igreja. Sendo-se sacerdote e vestir como um leigo não é uma das normas da Igreja. Atendendo ao bom exemplo de simplicidade do Papa Francisco podia-se cumprir as normas da Igreja seguindo o Papa Francisco também nesse aspecto, tornar-se visivel e reconhecível com simplicidade.
Quanta superficialidade na comparacao das duas personalidades! As unicas criticas ao Cardeal Burke é por causa do decoro litúrgico e por seguir aquilo que a Igreja sempre ensinou? Mas que tem de errado isso? Doutrina antiga? Devem estar a brincar comigo só pode... A doutrina e relativa ao Mestre que é Jesus. Ninguém a pode mudar, nem mesmo um Papa. Em todos os séculos, quem contradiz uma verdade de fé é declarado um herege, e neste caso está em causa a indissolubilidade do matrimonio. Isto sim é gravíssimo, e nao o facto de alguém usar uma capa com 10 metros de comprimento... quando se comparam duas situacoes, é preciso haver bom senso, e saber distinguir coisas corriqueiras de coisas graves
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