Escrever nas estrelas
O clima político que se viveu este fim
de semana na Madeira foi tão empolgante que a dado momento pensei, houve
eleições regionais e ninguém me disse nada.
A sede é grande e são muitos com sede. A
pressa e a vontade desmedida para chegar ao pote pode quebrar o pote e no fim o
caldo fica entornado.
Para quem não se lembra do significa da
expressão «ir com muita sede ao pote», aqui deixo o significado. Conta-se que
uma pessoa andou pelo deserto durante muito tempo sem beber nem comer, quando
estava quase à beira da morte por causa da forte sede, avistou um pote com água,
mas foi com tanta pressa, mais ainda com tanta falta de atenção e com forte
avidez para agarrar o pote, que o deixou cair no chão, reduzindo-se a cacos e
água foi toda bebida pela areia. Por sua vez, o homem não conseguiu beber uma
gota de água que fosse para saciar toda a sua forte sede. Isto é, quem quer
fazer alguma coisa com muita ansiedade e vontade, pode espatifar com tudo e
deitar tudo a perder.
Por isso, não é boa conselheira a falta
de inteligência, movida pela ganância do poder. Os arranjinhos que colocam em
causa promessas garantidas a pés juntos que se iriam cumprir, mas afinal,
sobrepondo-se, os interesses podem ser esquecidas facilmente e «palavra dada é
palavra honrada», como gostam tanto dizer agora. Os atropelos, uns contra os
outros sem respeito, só porque é política tem que ser assim, não, não tem que
ser assim, pode haver ambição, é certo, mas com serenidade, sem vinganças e sem
sacrificar ninguém.
O mau exemplo que se passa para a
sociedade, que quando se vê legitimada pelos maus comportamentos dos seus representantes
ou proponentes a tal, encontra razão de ser na concorrência desleal, na lógica
da cunha, na subserviência, no lambebotismo, no medo de pensar e de falar, nos
insultos caluniosos… Apenas estes entre tantas coisas que não se esperam que
venham dos meandros partidários, mesmo que queiram fazer-nos crer que isso é
política e que o jogo democrático assim o exige.
Deve ser por isso que
este pensamento do Mestre Sun Tzu, é necessário ser chamado à liça desta conversa:
«O general que possui muita ambição não será um bom general e a derrota
será certa. Um bom general deve vencer-se a si próprio para depois vencer os adversários». O jogo começou, é certo, o tempo do jogo é longo e,
seguramente, que os agentes do jogo serão muitos. No decorrer do jogo veremos
onde estarão as melhores propostas e os agentes políticos que melhor se
apresentam com seriedade e sinceridade para levarem a cabo a sua concretização.
O povo pode ser manso, mas não e tolo, felizmente.
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