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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo do Baptismo do Senhor
09 de Janeiro de 2011
O Baptismo de Jesus
Pessoalmente para João, o baptismo de Jesus terá sido o seu auge experiencial. João terá ficado admirado por Jesus se ter proposto para o baptismo. Esta experiência motivou a sua fé e o seu ministério. João baptizava em Pela, quando Jesus se aproximou, na margem do rio Jordão.
A síntese bíblica do acontecimento é resumida, mas denota alguns factores fundamentais no sentimento da experiência de João. Nesta altura João encontrava-se no auge das suas pregações. Teria já entre os 25 e os 30 discípulos e baptizava judeus e gentios arrependidos. Neste tempo os judeus acreditavam que Deus castigava não só os iníquos, mas as suas gerações descendentes. Eles acreditavam que apenas um judeu poderia ser o culpado do castigo de toda a nação. O baptismo para muitos dos judeus não era o resultado de um arrependimento pessoal. O trabalho de João progredia.
Os relatos Bíblicos contam a história da voz que se ouviu, quando João baptizou Jesus, dizendo “este é o Meu filho amado com o qual Me alegro”. Refere que uma pomba esvoaçou sobre os dois personagens dentro do rio, e relacionam essa ave com uma manifestação do Espírito Santo. Este acontecimento sem qualquer repetição histórica tem servido por base a imensas doutrinas religiosas.
A cena do baptismo de Jesus revela portanto, essencialmente, que Jesus é o Filho de Deus, que o Pai envia ao mundo a fim de cumprir um projecto de libertação em favor da humanidade. Como verdadeiro Filho, Ele obedece ao Pai e cumpre o plano salvador do Pai; por isso, vem ao encontro da humanidade, solidariza-se com ela, assume as suas fragilidades, caminha com ela, refaz a comunhão entre Deus e a humanidade que o pecado havia interrompido e conduz cada mulher e cada homem ao encontro da vida em plenitude. Da actividade de Jesus, o Filho de Deus que cumpre a vontade do Pai, resultará uma nova criação, uma nova humanidade.
Neste Jesus que João baptiza, está a esperança da renovação do mundo. Ele é o sinal do amor de Deus a favor de todos. Assim, tudo o que seja desesperança há-de encontrar uma luz, um sentido novo Neste Filho de Deus que se deixa marcar pelo o amor. Este mundo onde reina a injustiça, a malvadez contra os mais fracos, a soberba que acolhe os amigalhaços ou os mais bafejados pela dita sorte, não marcará jamais o seu lugar perante a força vibrante do anúncio da fraternidade, a igualdade e a liberdade do encontro do Deus do amor, que este Filho representa.
Imagem em: walldesk.com.br

4 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

Padre José Luis tem uma prosa, altamente, revolucionária sobretudo na parte final do seu texto. A trilogia da Revolução Francesa. Gostei muito! Porque quanto ao Baptismo ritual fica com cada família.Nada tenho que criticar que os pais queiram batizar os seus filhos ainda QUE inconscientes desse acto. Prefiro o Baptismo de Jesus. A Àgua como simbolo da purificação, da Higiene, do Novo Amanhecer. Todos os humanos deveriam ter água suficiente para fazer esse procedimento e purificarem-se exteriormente como resposta ao seu ímpeto interior. É o interior que nos interroga e que nos envia como seres puros, para um mundo que está sujo.Que limpidez foi essa de Deus simbolizado nessa Pomba como ave que voa e nos conduz a novos caminhos.Estou a ver o filme "Fernão Capelo GaivotA" Tudo isto é uma poesia encarnada.E nós ficámos encravados no vil metal e nas suas redondezas pecaminosas de bem-estar só para alguns. O Baptismo na Àgua é expressão cósmica da Limpeza, da Pureza e da nossa Criatividade para PURGAR o que está sujo . Já Platão tinha essa ideia na sua "caverna" . Vem , Senhor Jesus. Precisamos mais de TI que do fmi.

José Luís Rodrigues disse...

Amigo e irmão ângelo, muito agradecido pelo serviço que presta ao Banquete da Palavra reenviando os textos. Bem haja. Também agradeço-lhe este seu comentário, é muito bonito e uma achega importante ao texto. O Baptismo de Jesus, é isso mesmo, baptiza a humanidade no Espírito do amor que se pode traduzir nesses ideais fundantes da nossa civilização, a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Espero que não me condenem como erege. O debate aberto, frontal e assumido sem anonimatos é sempre o melhor caminho para nos enrequecermos todos. Tudo de bom.

M Teresa Góis disse...

Quanto mais velha fico mais vezes penso que o Baptismo de Jesus, já adulto e antes de iniciar a sua vida pública, nos deve levar a reflectir na importância do Baptismo, se ele terá o significado coerente quando o neófito é apresentado. Creio que ao baptismo administrado às crianças recém nascidas, corresponderá à apresentação de Jesus no Templo. Talvez que o Crisma tivesse de ter o sentido do Baptismo no Jordão.

José Luís Rodrigues disse...

Seria isso Tukakubana, mas se tivessemos uma verdadeira educação da fé e se a Igreja fosse como nos primeiros tempos do Cristianismo, onde os sacramentos da Iniciação Cristã eram ministrados a adultos. Depois da romanização do cristianismo (ou queda do Império Romano), a Igreja ao herdar toda a nomenclatura desse império, as coisas mudaram todas, não em função do Evangelho, mas em função da nova herança que recebia. Falta hoje pensar a sério toda a doutrina do Sacramentos, explicar os ritos e quem sabe ter a coragem de mudar alguns deles.