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domingo, 9 de janeiro de 2011

Por ocasião da morte de um amigo

A notícia chegou esta tarde. Caiu subitamente. Fria. Triste.
Morreu o sr. António Pereira. Era um amigo. Melhor, será um amigo para sempre, porque nada deste mundo, nem a profundadidade nem a altura nem as potestades nem muito menos a morte, podem apagar uma amizade.
É um homem com um sentido de humor muito belo, não deixava escapar uma bela anedota e parava para saber da última para se divertir à brava. Até já tinha em manga a última para lhe contar, não chegamos a tempo, guardá-la-ei para o encontro definitivo da eternidade. Agradeço-lhe o muito que me fez rir e também a atenção que me dedicava para escutar a anedota ou charla, com a qual nos divertiamos muito.
Fiz parte do seu projecto literário há dois anos, convidou-me para escrever o prefácio do seu interessante livro “Consonância de Palavras”, obra apresentada a 25 de Março de 2008, dia da Freguesia da Ribeira da Janela. Este livro é composto essencialmente por quadras populares, olha para toda a sua vida e para as tradições, cantares, dizeres e viveres do povo do Porto Moniz.
Neste trabalho desvelou-se para mim um homem sério, íntegro e apaixonado pela vida. Um sentido de bem público muito apurado. A sua vida política tetemunha esta constatação. Uma dedicação aos outros muito viva, empenhada. Uma capacidade de liderança rara, um mobilizador de pessoas para a criatividade e participação em actividades de carácter social (os idosos da Ribeira da Janela perdem o seu guia, o seu pastor e quem sabe o seu pai).
Bom, mas a vida tem esta parte que não nos agrada tanto e às vezes é tão traçoeira, súbita e tão cruel, a morte. Mas, não acaba quem sempre trabalhou para a eternidade. Fica a memória e mais uma certeza de que sempre vale a pena trabalhar pelos outros. Desejo profundamente paz à sua alma e que junto de Deus, encontre a felicidade plena, essa realidade que a fé enforma no coração de quem crê, como acreditava o irmão e amigo António Pereira.
Mesmo sendo este o momento mais duro, ainda fica tempo para saber do consolo de uma palavra certeira de Victor Hugo, autor dos Miseráveis, sobre a morte: «Morrer não é acabar, é a suprema manhã». Basta isto para não temer a nossa morte e saber acolher em paz a morte dos outros. É isto que faço agora.
À família enlutada (especialmente a sua esposa), apresento sentidas condolências.
JLR

2 comentários:

M Teresa Góis disse...

Tem toda a razão: o sr. António era um amigo.A foto retrata bem a sua expressão sempre prazenteira, atenta, divertida. Era um homem social, só se sentia bem a conviver.Um par simpático com a esposa que quase sempre o acompanhava.Privei com ele no particular, na política.Das diferenças fizemos coesão. Lamento que quem ria para a Vida a deixe assim, sem aviso.Está em Paz.

José Luís Rodrigues disse...

Cara amiga Tukakubana, fez bem em fazer referência à esposa, como casal, viviam um para o outro. Era bonito o testemunho que davam...