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sábado, 22 de janeiro de 2011

Semana de Unidade dos Cristãos - 6º dia

Fortalecidos para a acção na oração
Leitura bíblica para o 4º dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos,
1 Timóteo 2, 1-8: «Façam-se preces por todos os homens...» e Mateus 6, 5-15: «Que venha o teu Reino, que se realize a tua vontade».
Comentário:
«O dia 6 apresenta o quarto elemento de unidade: com a Igreja em Jerusalém ganhamos força pelo tempo que nos dedicamos à oração. Especificamente, a Oração do Senhor chama todos nós, em Jerusalém e no mundo inteiro, os fracos e os poderosos, a um trabalho conjunto pela justiça, paz e unidade, para que venha a nós o Reino de Deus». (Do texto do Pontifício COnselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas).
A oração como elemento de unidade entre as religiões. Eis chegada a hora de compreender Deus na sua verdadeira simplicidade. São ainda muitas as vezes que nos ferimos com a má imagem que muitas pessoas alimentam no seu coração sobre o Deus de Jesus Cristo. São elas a de um Deus altíssimo, todo poderoso e castigador. O Deus revelado em Jesus Cristo é o Deus dos pobres, dos simples e dos pecadores. Numa palavra dos pequenos do mundo. Os sem voz e vez desta vida.
Por isso, ficamos agradecidos a todos os que dão o seu contributo para purificar tais imagens injustas sobre o Deus misericórdia, simplicidade e amor revelado por Jesus Cristo.
A título de exemplo, escutemos expoentes máximos de alguns amigos de Deus. S. Tomás de Aquino: «Conhece melhor Deus quem confessa que tudo o que pensa e diz fica aquém daquilo que Deus é realmente» (in librum de Causis exposito, osc. X, lect. 6); Fernando Pessoa: «em qualquer espírito, que não seja disforme, existe a crença em Deus (…). Não existe crença em um Deus definido(…). Chamando-lhe Deus dizemos tudo, porque, não tendo a palavra Deus sentido algum preciso, assim o afirmamos, sem dizer nada(…). Ele, a que, por indefinido, não podemos dar atributos, é, por isso mesmo, o substantivo absoluto» (F. Pessoa/ Bernardo Soares, O Livro do Desassossego); Sophia de Mello Breyner Andersen: «Não darei o Teu nome à limpidez/ De certas horas puras que perdi, / Nem às imagens de oiro que imagino,/ Nem a nenhuma coisa que sonhei» (Antologia, Porto 19985). «Não estás no sabor nem na vertigem/ Que as presenças bebidas nos deixaram./ Não Te tocam os olhos nem as almas,/ Pois não Te vemos nem Te imaginamos»; Herberto Helder: «Esperamos na obscuridade./ Vinde, vós que escutais, vinde/ saudar-nos na viagem nocturna:/ nenhum sol agora brilha,/ nem luz agora nenhuma estrela./ Vinde, ó vós, mostrar-nos o caminho:/ que a noite secreta é inimiga,/ a noite que fecha as próprias pálpebras./ E eis como a noite inteiramente nos esqueceu./ E esperamos, esperamos, na obscuridade» (H. Helder, Poesia Toda); Miguel Torga: «Vens, e não sonho mais./ Quebra-se a onda no penedo austero./ E o mar recua, sem haver sinais/ De que te quero.// Não sei amar, ou amo o que me foge./ Já com Deus foi assim, na juventude;/ Dei-lhe a paixão que pude/ Enquanto o namorava na distância:/ Depois, ou medo, ou ânsia/ De maior perfeição,/ Vi-o junto de mim e fiquei mudo./ Neguei-lhe o coração./ E então, perdi-o, como perco tudo» (M. Torga Antologia Poética, Coimbra 1981, 175); Vitorino Nemésio: «Que a minha dor seja um campo de graças/ E tudo o que de belo em voz eu diga/ Puro eco de Alguém; e Tu, que faças/ Ser, cantando, eu só terra e Tu cantiga,…» (Vitorino Nemésio, Obras Completas, II, INCM; 1989, p.296.); Em jeito de conclusão ficamos com Virgílio Ferreira, que Na Tua Face lê assim: «…reparei que pouco a pouco eu ia passando através de toda a sua face enrugada e divisava através dela como de um vidro sujo a sua face antiga inatingível que estava do lado de lá e não nela, no vidro. (…) Levantamo-nos e de súbito eu vi, eu vi o rosto de Bárbara rejuvenescer, a face lisa de esplendor e imprevistamente era aí que eu repousava, na tua face, na imagem final do meu desassossego».
Por fim dizemos com Régis Debray: «(o Deus único), é uma ideia de tal maneira forte que há um poder de síntese, um poder de explicação de tal forma vivificante, dir-se-ia uma necessidade vital, que penso que Deus não nos abandonará e que nós não abandonaremos Deus».
A unidade de Jesus de Nazaré procura todos os campos, os recantos e as margens. Foi o que fizemos neste curto andar por alguns da nossa literatura. Bom Domingo para todos.
JLR

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