Que bem sei eu a fonte que mana e corre
mesmo de noite.
Aquela eterna fonte está escondida,
mas eu bem sei onde tem sua guarida, mesmo de noite.
Sua origem não a sei, pois não a tem,
mas sei que toda a origem dela vem,
mesmo de noite.
Sei que não pode haver coisa tão bela,
e que os céus e a terra bebem dela,
mesmo de noite.
Eu sei que nela o fundo não se pode achar,
e que ninguém pode nela a vau passar,
mesmo de noite.
Sua claridade nunca é obscurecida,
e sei que toda a luz dela é nascida,
mesmo de noite.
Sei que tão caudalosas são suas correntes,
que céus e infernos regam, e as gentes,
mesmo de noite.
A corrente que desta fonte vem
é forte e poderosa, eu sei-o bem,
mesmo de noite.
A corrente que destas duas procede,
sei que nenhuma delas a precede,
mesmo de noite.
Aquela eterna fonte está escondida
neste pão vivo para dar-nos vida
mesmo de noite.
De lá está chamando as criaturas.
Aquela viva fonte que desejo,
neste pão de vida já a vejo,
mesmo de noite.
Por São João da Cruz
Fonte: "O amor não cansa nem se cansa", Editora Paulus
In «Sociedade Católica»
1 comentário:
para ler e meditar, não são necessários outros comentários.Obrigada por relembrar este Poema.
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