Foi notícia nos últimos dias que a Diocese do Funchal vendeu o Solar das Meninas Leais no Porto da Cruz. Pelo que sei pertencia ao Seminário Diocesano do Funchal.
É necessário levantar-se algumas questões que a Diocese terá que responder. Acho que é uma exigência elementar que alguns, que se acham donos dos bens da Diocese, devem prestar sobre o património que pertence a todos. Não quero ser polémico, mas apenas fazer ver que, aquilo que é de todos a todos deve dizer respeito. Seis pontos.
Primeiro, quem decide e com que direito o faz, comprar ou vender património, que não é de alguns, mas de toda a gente, todos os baptizados e, espeiclamente, todos os que pertencem à Igreja com a sua prática e com os seus donativos para a sua manutenção?
Segundo, qual a verdadeira intenção das Meninas Leais quando doaram aquele Solar ao Seminário Diocesano do Funchal?
Terceiro, feita a venda, para que se destina o dinheiro, isto é, vai ser aplicado em quê e como?
Quarto, que irão fazer do Solar os novos proprietários, uma escola, um lar para idosos, um museu, uma casa da cultura, algo que sirva o bem comum? - Se não for isso estamos perante um vergonhoso negócio…
Quinto, será que esta venda é apenas um ensaio para outras maiores que se advinham, por exemplo, o antigo Seminário da Encarnação, cobiçado por muitos pela sua localização e por outros dentro da Igreja Diocesana desejosos de fazer pura e simplesmente negócio?
Sexto, finalmente, julgo que se pede à Igreja maior transparência nestas questões do património imóvel e móvel para que não se perca a dignidade nem muito menos a autoridade para pedir ao povo esmolas para a sua acção pastoral.
Ainda uma nota: alguns dirão que eu deveria colocar estas questões nos «locais próprios» e directamente a quem de direito para as responder. Talvez. Mas, porque não fazer reflectir os outros, como se de um dever de caridade se tratasse? E mais, onde estão esses «locais próprios», nesta Igreja que se desdobra em milhentas reuniões para discutir inutilidades e sem dar espaço para se dizer abertamente o que se pensa e se deseja que seja esclarecido? - Está sempre tudo muito afunilado e manietado por alguns que se apoderaram da Diocese como se tratasse de património herdado da família de sangue. A dimensão profética deve fazer parte da missão de todo o cristão, aquele que pelo Baptismo assumiu viver nesse contrabalançar da denúncia e do anúncio. Com isto faço jus à minha condição de baptizado, nada mais, penso. Ponho-me fora destas negociatas, porque, acho, que esta não é a forma melhor de ser Igreja à luz do Evangelho de Jesus Cristo.
JLR
4 comentários:
Gostei demais do blog. A blogsfera só tem a ganhar com conteúdos assim, parabéns. Veja no meu blog: www.jairclopes.blogspot.com texto sobre GENTILEZA.
JAIRCLOPES, muito obrigado. E tudo de bom.
Tem toda a razão. No meu concelho vi vender todos os "passais", para uso urbano, e nunca se soube quanto deu e para onde foi.Terras que eram trabalhadas (e doadas) pelos paroquianos....tudo se foi.
Creio que seria melhor a Diocese manter o solar, arranjar fundo de maneio mesmo se entre os sacerdotes, transformando o Solar das Meninas num aprazível Lar para os Sacerdotes que deram coiro e cabelo, pelo menos no "tal" tempo e que hoje, alguns, estão desprezados em lares do governo, semi abandonados. Outros, vivem em casa opulenta que souberam mandar restaurar com o mesmíssimo dinheiro da Diocese. Se me faço compreender, claro!
Há quem "baile" no altar quando se trata de exigir dinheiro aos paroquianos. Melhor seria bailarem para bem da vossa própria classe. O povo cristão de certeza ajudaria.
Isso mesmo cara amiga Tukakubana, é tempo de ser Igreja a sério. Mostrar que não se engole tudo e que há gente dentro da Igreja que reflecte e faz reflectir, porque vê as coisas boas que a Igreja tem, mas também as menos boas e deseja a redenção tanto para dentro da Igreja, tanto para o mundo. É isso ser cristão ao modo do Mestre Jesus Cristo. Obrigado pela sua reflexão.
Enviar um comentário