Incendiário, seja lá quem fores, não te trato com senhorias, quem tem prazer em ver a casa dos outros a arder não merece ser sr/a. Sim, segundo a nossa língua, tu és um pirómano. Ora, um pirómano segundo o dicionário, é alguém que incendeia pelo prazer de ver as chamas consumirem as coisas. A piromania é a «compulsão ou impulso mórbido de atear fogo às coisas. Os psiquiatras acreditam que muitos pirômanos sentem excitação sexual em decorrência da ação de atear fogo». Interessante, mas mórbido, grave demais.
Segundo algumas versões, na antiga Roma existia um famoso pirómano, Nero, um imperador sanguinário, que segundo alguns historiadores romanos e cristãos, teria mandado queimar a cidade de Roma, para perseguir os cristãos e pelo gosto que lhe deu ver a cidade em chamas, com o fim de levar a cabo um projecto megalómano. No romance «Quo Vadis» (Henryk Sienkiewicz, 1895), ele é mostrado tocando a sua lira, enquanto Roma ardia. Aqui entre nós não tocaram lira enquanto a Madeira ardia, mas acusavam-se entre si de protagonismos e quiçá quem tinha apresentado a gravata mais rica e fina na hora das chamas…
Será que deste famoso imperador haverá descendência que veio bater à Madeira? Haverá um Nero dentro de alguns madeirenses? Sentes este prazer em ver a nossa terra em chamas? Não te comoves nada quando alguém chora compulsivamente porque perdeu tudo o que tinha? Não te fez verter lágrimas ou não te arrepiou nada aquilo que disse no meio dos escombros uma senhora: «a minha casa não era um palácio, mas era a minha casa, onde eu tinha as minhas coisas…»? Não te diz nada isto? Não sentes vergonha diante das paisagens negras na terra que era uma «pérola» e agora é um pechisbeque pelo qual ninguém dá nada? Não te assustas com a fome que isto provoca nalgumas famílias, que poderão ficar sem emprego, porque os turistas desistem de vir à Madeira?
Não compreendo a mente e o coração de quem procede desta forma ateando fogo por todo lado. Será vingança? Ódio aos madeirenses? Insensibilidade perante o bem comum que é a floresta? Nenhum respeito pela ecologia?
Os males que os incêndios provocam são incontáveis e não podemos ainda contabilizar os danos que esta desgraça vai causar. Todos os madeirenses actuais e os vindouros irão assumir consequências horríveis. A principal, prende-se com o ar irrespirável que já vamos sentindo nalguns lugares em certas ocasiões. As doenças que não saberemos as suas causas. A paisagem verde, a principal característica da nossa terra desaparece, era a nossa galinha dos ovos de ouro, foi com isso que ganhamos fama pelo mundo fora, o que atraía turistas a virem à ilha, o que é sempre benéfico para a nossa economia e para o nosso enriquecimento cultural.
Não te importas nada com isto, pois claro! Não gostas de nós, andas desocupado, roubaram-te alguma coisa, a nós todos também nos roubaram, temos uma dívida astronómica pública para pagar, sobrecarregaram-nos de impostos, é verdade, mas nem todos tivemos culpa nem muito menos os madeirenses que nascem hoje nem os que vão nascer amanhã. Por isso, não nos mates ainda mais, não nos cerceies a alma, o património verdejante que a nossa terra apresenta ou apresentava.
Incendiário, pensa um pouco nestas palavras que alinhavei nesta hora. Escrevo sobre a cinza que nos encegueira os olhos, o papel foi feito de angústia de tantos conterrâneos nossos que viram o monstro das chamas sobre as suas cabeças e a tinta tomei-a das lágrimas de crianças em pânico porque o fogo não se tratava de brincadeira nenhuma. Tomei também as lágrimas de idosos que nunca imaginaram perder tudo em segundos. E há ainda mais lágrimas de revolta, medo e desalento perante a perda irremediável de acções irreflectidas que não merecem respeito nenhum. Pensa nisto.
Segundo algumas versões, na antiga Roma existia um famoso pirómano, Nero, um imperador sanguinário, que segundo alguns historiadores romanos e cristãos, teria mandado queimar a cidade de Roma, para perseguir os cristãos e pelo gosto que lhe deu ver a cidade em chamas, com o fim de levar a cabo um projecto megalómano. No romance «Quo Vadis» (Henryk Sienkiewicz, 1895), ele é mostrado tocando a sua lira, enquanto Roma ardia. Aqui entre nós não tocaram lira enquanto a Madeira ardia, mas acusavam-se entre si de protagonismos e quiçá quem tinha apresentado a gravata mais rica e fina na hora das chamas…
Será que deste famoso imperador haverá descendência que veio bater à Madeira? Haverá um Nero dentro de alguns madeirenses? Sentes este prazer em ver a nossa terra em chamas? Não te comoves nada quando alguém chora compulsivamente porque perdeu tudo o que tinha? Não te fez verter lágrimas ou não te arrepiou nada aquilo que disse no meio dos escombros uma senhora: «a minha casa não era um palácio, mas era a minha casa, onde eu tinha as minhas coisas…»? Não te diz nada isto? Não sentes vergonha diante das paisagens negras na terra que era uma «pérola» e agora é um pechisbeque pelo qual ninguém dá nada? Não te assustas com a fome que isto provoca nalgumas famílias, que poderão ficar sem emprego, porque os turistas desistem de vir à Madeira?
Não compreendo a mente e o coração de quem procede desta forma ateando fogo por todo lado. Será vingança? Ódio aos madeirenses? Insensibilidade perante o bem comum que é a floresta? Nenhum respeito pela ecologia?
Os males que os incêndios provocam são incontáveis e não podemos ainda contabilizar os danos que esta desgraça vai causar. Todos os madeirenses actuais e os vindouros irão assumir consequências horríveis. A principal, prende-se com o ar irrespirável que já vamos sentindo nalguns lugares em certas ocasiões. As doenças que não saberemos as suas causas. A paisagem verde, a principal característica da nossa terra desaparece, era a nossa galinha dos ovos de ouro, foi com isso que ganhamos fama pelo mundo fora, o que atraía turistas a virem à ilha, o que é sempre benéfico para a nossa economia e para o nosso enriquecimento cultural.
Não te importas nada com isto, pois claro! Não gostas de nós, andas desocupado, roubaram-te alguma coisa, a nós todos também nos roubaram, temos uma dívida astronómica pública para pagar, sobrecarregaram-nos de impostos, é verdade, mas nem todos tivemos culpa nem muito menos os madeirenses que nascem hoje nem os que vão nascer amanhã. Por isso, não nos mates ainda mais, não nos cerceies a alma, o património verdejante que a nossa terra apresenta ou apresentava.
Incendiário, pensa um pouco nestas palavras que alinhavei nesta hora. Escrevo sobre a cinza que nos encegueira os olhos, o papel foi feito de angústia de tantos conterrâneos nossos que viram o monstro das chamas sobre as suas cabeças e a tinta tomei-a das lágrimas de crianças em pânico porque o fogo não se tratava de brincadeira nenhuma. Tomei também as lágrimas de idosos que nunca imaginaram perder tudo em segundos. E há ainda mais lágrimas de revolta, medo e desalento perante a perda irremediável de acções irreflectidas que não merecem respeito nenhum. Pensa nisto.
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