Comentário à missa do próximo domingo
22 de Julho de 2012, Domingo XVI Tempo Comum
Cristo é a nossa paz, proclama solenemente São Paulo. Não a
paz podre do comodismo da vida ou a paz das pequenas orações que não libertam,
mas oprimem ainda mais. Jesus Cristo é a paz que provoca para o amor, para a
solidariedade ou caridade. Uma paz que nos desinstala para o encontro dos
outros como irmãos. Uma paz que nos faz mais sérios no nosso trabalho. Uma paz
que se inquieta porque há fome no mundo. Uma paz porque não tolera a mentira.
Uma paz que não se deixa vergar à intolerância seja de que ordem for, de raças
ou de religiões. Uma paz que sofre, porque as famílias estão divididas, o
esposo não fala com a esposa e vice-versa, os filhos não falam com os pais e
vice-versa.
A paz de Jesus liberta o nosso coração para a alegria da
festa e para a luta diária por um mundo melhor, onde todos possam ter o
necessário para sobreviver, tanto os bens materiais, mas também os espirituais.
Neste encontro com Jesus Cristo, cada pessoa descobre uma dignidade mais
elevada, isto é, «podemos aproximar-nos do Pai», por isso, deve depois agir
segundo a sua condição, isto é, de acordo com a descoberta de um Deus que é Mãe
e Pai, que se acerca de cada pessoa com o abraço maternal e paternal para fazer
feliz cada homem e cada mulher que se deixa envolver por esse envolvimento de
amor. Assim, estes não se deixam conduzir pelo egoísmo, pela violência e pela
vingança.
Este encontro com Jesus é um encontro de salvação, uma
glória maior que faz cada um ser feliz e não descansa enquanto todos os outros
também não sejam verdadeiramente felizes. Esta Boa Nova que Jesus Cristo no
oferece não se coaduna com a violência das palavras que se tornam muitas vezes
o pão-nosso de cada dia na vida de tanta gente.
Encontrar Jesus deve fazer com que a delicadeza seja um valor elementar no falar e no proceder.
Jesus Cristo é um apelo para que o respeito seja alimento de cada dia nas
nossas famílias, nas nossas escolas, nas empresas, na política e na sociedade
em geral. Todas as perversidades deste mundo acontecem por uma única razão, a
ausência de Paz no coração de cada mulher e cada homem, falta de respeito por
Deus e amor ao próximo. A paz verdadeira só tem um nome para nós, tem o nome de
uma pessoa, Jesus Cristo, o filho do Deus Vivo.
Esta Paz não se adquiriu com dinheiro, porque ela não está à
venda nas prateleiras dos supermercados, mas virá pela humildade, bondade, fé,
esperança, confiança que colocamos no nosso coração a partir dos ensinamentos
que Jesus nos oferece. Esta oferta está ao alcance de todos, basta que cada um
e cada qual sintam predisposição para o valor da vida e o sentido da vida a
partir de Jesus Cristo. Ele é a paz do amor e da certeza de que a vida não se
reduz à imperfeição deste mundo.
José Luís Rodrigues
1 comentário:
Padrer José Luis, Meu Irmão e meu Amigo, as circunstâncias actuais exigem de nós um apego muito forte ao Divino. Ou acreditamos que Deus é a nossa âncora,o porto que, nas mais diversas tempestados, nos atracamos e com Ele fazemos Vida. O mundo é um mosaico de incertezas, de devaneios, de ideologias que nos esmagam.Muito diferente de uma fé que nos acalenta e nos dá esperança e um novo sentido à vida. Não obstante a tudo isto, a fé não é estarmos a olhar para o céu e a aguardar a vinda de anjos e de deuses. É a labuta diária por um mundo onde Deus tb habita em nós e na própria natureza. Foi essa mensagem que nos deu e nos deixou e noa deixa nesta azáfama diária JESUS CRISTO. Seja o materialismo ideológico: histórico ou dialéctico; seja o materialismo de vida, do salve-se-quem -puder o homem é sp reduzido a um objecto sem valor.Ao positivismo de uma animalidade profundamente irracional. Só encontro sossego tal como dizia Santo Agostinho quando o meu coração descansar em Deus -aqui e lá. De resto, não acredito nesta sacralização redutora do humano, o qual assenta em "bons sucessos" e repudia qq sofrimento por parte dos nossos irmãos e irmãs. Ser cristão é sentir sp a alegria do Outro:Deus, o próximo e a natureza na qual habitamos.A morte de Deus ruinou tudo isto. E o grito filosófico de Nietzsche - do existencialismo agónico- foi na busca de um Deus Irmão, Fraterno , cheio de Luz.
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