Disse o estadista Winston Churchill o seguinte: «Foram provados muitos tipos de governo, e se provarão muitos mais nesse
mundo de pecados e problemas. Ninguém disse que a democracia seja o sistema
perfeito ou todo sábio. No entanto, foi dito que a democracia é o pior sistema
de governo além daqueles outros que se tentam de vez em quando». Ora bem, que
grande verdade.
Lembram-se dos momentos
do famoso «défice democrático», entre outros momentos que surgiram nos anos da
Autonomia, que não passaram de momentos? - Foram isso mesmo, momentos que
levantaram alguma polémica, mas passada essa poeira tudo voltou ao que era
dantes. Ninguém com autoridade neste país se incomodou com nada disso, alguns
vindos a este lado do Atlântico agachavam-se tanto que até faziam elogios ao
que se passava na Madeira.
E agora… Olhemos para o
que se passa na Assembleia Regional. Não será por acaso que corre na gíria
madeirense o cognome indigno, a corresponder a tudo o que lá se passa… A
Assembleia Regional chama-se de «galinheiro». Pois bem, estamos nós a trabalhar
e a pagar impostos para engordar galinhas que nem um ovo que seja chegará ao
nosso prato.
Este lugar, eufemisticamente
chamado de lugar da democracia, não gosta de poupar, mas disfarça que poupa,
tirando aos simples trabalhadores indefesos. Porém, no famoso jackpot, nem um
cêntimo é tirado, porque os partidos precisam de fazer festanças, campanhas
eleitorais com bebida e comida de fartura ao som das pimbalhadas que por aí nos
chegam. Algumas famílias entre nós passam fome… Que se lixem! É o que diz o
«galinheiro» gordo a nadar em dinheiro, segundo as regras da democracia,
imagine-se, eleito para defender o povo.
Noutras tantas situações
entre nós, a democracia sai profundamente lesada. Se pensarmos no que toca à
liberdade de expressão, vamos encontrar uma série de atentados que nos
envergonham a todos e remetem a nossa democracia para uma singela «coisa» sem
precedentes. Portanto, a nossa democracia, é única e está reduzida a uma «treta»,
motivo de chacota em muito lugares do nosso país e quiçá do mundo.
O apoio monetário exorbitante
concedido a um determinado órgão de informação, para depois o açambarcar e
fazer passar uma opinião exclusiva, que redunda em propaganda quotidiana,
disfarçada com algumas actividades da Igreja Católica. A isto não podemos de
forma nenhuma chamar de democracia nem muito menos invocar princípios de teor
cristão-evangélico para justificar esta triste forma de actuação. As
instituições sérias da nossa terra deviam estar seriamente incomodadas e neste
momento fazer acordar a nossa terra, pô-la em ebulição, porque estão em causa
valores essenciais que urge lutarmos para que não seja posto em causa desta
forma tão vergonhosa e ameaçadora, o futuro do nosso povo. A Democracia é
sinónimo de respeito e promoção da diversidade.
Também não menos grave
é a forma como se acolhem os adversários políticos. Eles, porque ousam outra
cor partidária (e agora sem surpresa nenhuma, até mesmo no interior de alguns
partidos), recebem ofensas, acusações contra a sua vida privada e são
violentados na sua honra de carácter. Quem manifeste a coragem de se candidatar
ou simplesmente manifestar opinião contrária em relação a alguma coisa que a
maioria faz e pensa, está condenado às piores ofensas. As maiorias nem sempre
têm razão. Em Democracia, as minorias têm igualmente direitos e oportunidades
que não podem ser descoradas ou simplesmente ignoradas.
Saliento ainda o
quanto esta violência, traduzida em democracia musculada, é um mau exemplo. Porque, fomos de alarido constante enquanto o adversário fala,
de piropo em piropo, de alcunha em alcunha, de aparte em aparte, de boca em
boca, de praguejadela em praguejadela... E chegou-se até ao recurso à
polícia que escorraça deputados, reproduzindo imagens que fazem lembrar os métodos
ditatoriais. Esta democracia do músculo, entre nós, recorre frequentemente
ao insulto e à boca rasteira para fazer valer os seus intentos. O ar de praça
de peixe que o Plenário da Assembleia faz valer, redundou nisto e irá sempre de
mal a pior, tendo em conta que os protagonistas destes lamentáveis episódios lá
estão para dar e durar.
Mais ainda esta degradação advém de
quem irresponsavelmente vota na ignorância e no escuro. Neste sentido, a
Assembleia Regional, é o espelho de muita coisa e reflexo da sociedade pouco
letrada, muito pouco culta que ainda é a comunidade madeirense. Não é com
alegria que digo isto, mas com profunda tristeza, dado que precisamos como de
pão para a boca de passar uma imagem de uma sociedade responsável, equilibrada
e unida à volta de uma causa.
Os tempos que vivemos são duros,
muito duros. O que mais precisamos é de não dar uma imagem de que somos uns
palhaços irresponsáveis e que o melhor que sabemos fazer são festanças e
carnavais.
Posto isto, senhores deputados,
ponham-se nos vossos devidos lugares e deixem-se de mal-criação e vamos fazer
valer os argumentos com respeito e com dignidade. Caso não consigam, ao menos
pensem, que a casa onde «nós» vos colocamos para serem nossos representantes,
está a ser observada por graúdos e crianças que merecem respeito. Em todos os
momentos do vosso digníssimo trabalho, eles vos pedem alguma réstia de
serenidade e exemplo.
José Luís Rodrigues
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