A fé não pode ser uma mediação de gratuidade para
viver entre quatro paredes. Pois, se assim fosse, o papel da Igreja seria
inútil nem teria qualquer viabilidade histórica e social. A fé, torna-se um dom
que se acolhe na intimidade do coração, mas que ganha visibilidade na acção
concreta da pessoa que procura construir a sua história de vida. Não pode haver
uma fé que se reduz a um puro sentimento íntimo sem implicação nenhuma na vida
e no mundo. Não há fé privada nem muito menos fé pública. A fé é por si mesma,
em todos os momentos da vida, nas ocasiões mais privadas e nas ocasiões mais
públicas.
Não se compreende porque têm medo as pessoas de
confessar a sua fé, como fazem em relação ao seu clube desportivo, à sua defesa
da natureza, ao seu partido político ou à vida da cidade... Mas, quando se
trata da religião, as coisas não são vistas com a tolerância que se apregoa.
Também, não admira que o receio de confessar a fé
seja uma realidade porque a tolerância e o diálogo tornaram-se palavras tão
badaladas que até custa pronunciá-las agora. São muitos os intelectuais da
nossa praça com estas bandeiras, mas na hora da verdade são os mais
intolerantes e são os menos dialogantes porque recusam as convicções e a fé dos
outros com um menosprezo impressionante.
Jesus cristo, para os cristãos, continua a ser o
guia para os caminhos da fé. E não esquecemos que ao lado das manchas de pecado
que acompanham a Igreja em nome da fé, está também, do outro lado, o
património, que encanta crentes e não crentes. Falamos da dimensão do martírio
e da abnegação infinita de disponibilidade em favor de tantas causas humanas.
A fé hoje também precisa desta luz para iluminar a esperança nas veredas
tortuosas deste mundo.
José Luís Rodrigues
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