No ser mulher e mãe radica a grandeza desse mistério da humanidade e da maternidade. Dedico a todas as mães e especialmente àquela que no sacrário do seu ventre me guardou em tempos para que fosse feita a luz da minha existência... Não há dádiva maior neste mundo.
Mãe,
Que
te sentiste desde o primeiro momento embrião
Que
germinou vida nesta criatura que se gera para a luz.
Que
te contorceste na hora do parto na dor necessária
Que
depois esqueceste para sempre.
Que
acompanhaste com o olhar terno
E
com os nobres seios da seiva fizeste alimento
Que
faz crescer a alma e o corpo.
És
humanidade em pessoa. Mulher.
És divindade em mistério. Mãe.
Mãe,
Que
limpaste a incómoda sujidade que se via
Nunca
tomada em nojo te pensaste nem por sombra
Pois
dizias sempre palavras preocupadas e sorrias
Na
hora e fora da hora do alimento que repartias no pão.
Que
foste sempre fiel companheira
Atenta
às primeiras palavras e a todas as outras.
Que
te alegras quando se ria a luz que iluminaste
Mas
também quando gemia a tristeza
E
quando chorava a dor sentida no choro incontido.
Eras
médica que via a lágrima e a dor
E
até dizias não chores meu amor.
És
então a misericórdia que te dá um segredo
Em
tempo e lugar deste abraço da vida sem preço
Que
acolhe em mistério o tudo que é ser uma mãe.
Mãe,
Para
sempre serás em ternura
Quando
nos dias da falta de pão e de sentido
Que
vivemos nas casas da encosta deste tempo.
Porém
impaciente aquela que alguém cria como mãe
Faz
a esperança presente na mão sem vergonha
Que
se estende a pedir o pão ou o dinheiro
Contra
toda a degradação da fome.
Ó
salvação vem ao encontro desta inquietação
E
não nos deixes sem a magia enorme
Que
se lê nas três letras grandes
Que
soletram esta palavra antiga para todos
Mas
sempre nova no sabor que comungo
Quando
alimento o interior do meu tempo
Com
a compaixão da grandeza de ser MÃE.
José Luís Rodrigues
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