Fiquei atónito como uma grande parte do povo
português com a revelação do presente da República Cavaco Silva. Vejam só a
aliada que o sr. Presidente arranjou para defender as trapaças que os poderes governamentais do nosso país estão
a fazer contra o povo português, Nossa Senhora de Fátima. O homem dixit: «Eu
penso [no fim da sétima avaliação] como uma inspiração - como já a minha mulher
disse várias vezes - da nossa Senhora de Fátima, do 13 de maio».
Não disse que não devemos chamar Nossa Senhora de Fátima
para este «milagre». Um país como o nosso profundamente católico, terra de
Santa Maria, devoto da Nossa Senhora de Fátima, porque enche o seu santuário
todos os anos no 13 de maio, tinha que ser chamada a participar neste «milagre»
levado a cabo pela troica e pelos governantes investidos por uma obstinação doentia
pela austeridade.
Porém, será que Nossa Senhora de Fátima se não fosse
apenas uma imagem com um rosto supra humano que transmite a ideia de uma pessoa
acima da realidade, uma ideia de mulher que não existe neste mundo, o sr.
Cavaco faria a mesma invocação? Se fosse a mulher, Maria de Nazaré, aquela
mulher do Evangelho que põe e dispõe, que sonha, acompanha e intervém dizendo
para o que veio como o faz claramente no seu canto, o Magnificat. Reparemos: «Derrubou os
poderosos de seus tronos / E exaltou os humildes. / Aos famintos encheu de bens
/ E aos ricos despediu de mãos vazias» (Lc 1, 52-53). Será que esta mulher
seria invocada se fosse anunciadora e denunciadora da injustiça que envolve
toda esta austeridade? - Tenho sérias dúvidas...
Duvido muito que o compadecido e devoto sr. Cavaco
fizesse referência se a Senhora de Fátima fosse a mulher corajosa do Magnificat
e aquela Mulher sempre presente em todos os momentos, particularmente, quando
eles são de sofrimento e de profunda injustiça.
Bolas! Mas tendo em
conta este desígnio nacional de destruição do país, não poderia não ser
convocada a mulher «mais influente do nosso país», como alguém um dia
considerou. Por isso, não podemos deixar de fora desta missão a Senhora de Fátima
e também não podemos esquecer todos os que estão a ser postos fora, os excluídos
do desemprego que estão na pobreza e com fome, que resultam desta fatal austeridade. Não podemos pois. Querendo. Crendo.
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