Parece que os ânimos estão exaltados. Os
meus andam tristes e algumas vezes zangados. Mas sem nunca perder a lucidez.
Mau seria se fosse ao contrário para a minha felicidade e para o meu bem-estar
físico e psicológico.
É preciso serenar os ânimos e não fazer
escola com o desrespeito, a baixaria e o insulto. Estamos em ano de eleições,
coisa que me parece perfeitamente normal, num estado democrático. Alguns,
parece que não entendem assim. Mas tenham calma. Não leva a nada insultar e
desrespeitar.
Mais ainda parece haver uma alegria
pujante pela tragédia de tantos que entram todos os dias na maior fábrica deste
país, o desemprego. No outro dia tomamos conhecimento, que o Diário de Notícias
dispensou mais 35 trabalhadores para sobreviver com empresa e, especialmente, o
órgão de informação impresso. À partida, pensei logo, estes trabalhadores merecem
a nossa solidariedade e que seriam mais 35 famílias sem o seu rendimento mensal
de sobrevivência, ganho com a sua criatividade, dignidade e empenho. Passada a
notícia vieram outras, que têm a função de nos fazer esquecer uma atrás da
outra, é assim a sociedade mediática em que nós vivemos. Também alguns não
entendem isso, vivemos numa sociedade profundamente mediatizada, combater isso,
é estupidez, fazer-se esta sociedade e conviver com este mundo tal como ele é
com inteligência e lucidez parece ser o mais sensato.
Mas, há um porém ainda. Logo depois ouvi,
via telemóvel, a voz da Raquel Gonçalves e da Marta Caires, duas jornalistas do
rol dos dispensados. Impressionante o calafrio que me causou, quando das suas
vozes tristes ecoou a palavra «dispensada». É assim, só mesmo quem não tenha
sensibilidade para não ficar triste e inquietar-se com esta desgraça, este
drama social que vai dispensando pessoas só porque sim.
Ao lado disto, estamos aqui para
manifestar a nossa admiração pelo «contentamento» ou um certo ânimo exaltado
porque estas coisas acontecem, com uma insensibilidade impressionante, sem ter
em conta o que cada desempregado representa, mais pobreza e nalguns casos fome.
Mas, são governantes desta estirpe que
temos hoje, a começar pelo Primeiro Ministro que precisou de ir a Espanha para
falar de desemprego e de desempregados, especialmente, o jovem. Falou nisto
porque o líder do governo espanhol forçou que tal acontecesse. Isto revela bem
a quem estamos entregues e quem está a administrar o bem comum.
Assim, considero que devemos serenar os
ânimos e mesmo que as perspectivas de alguma derrota estejam a se vislumbrar
para a hegemonia que dominou e domina entre nós, não lhes concede o direito de se
regozijarem com as tragédias alheias, nem saltarem à praça com insultos e
desrespeitos desnecessários. É preciso serenar os ânimos.
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