Porque pode ser-vos útil, partilho convosco uma
reflexão que realizei para um trabalho pastoral sobre uma oração que sempre nos
acompanha ao longo da vida e que pode fazer parte de todos os momentos, a
oração do Pai-Nosso. Na alegria esta oração ajuda-nos a darmos graças. Na
tristeza e no desânimo ajuda-nos a retemperar as forças e a encontrarmos luz
para seguir em frente. Na doença e na morte convida à esperança e à cura espiritual.
Nos conflitos a serenar e a encontrar a paz pela força do perdão. Na desordem
do mundo a encontrar equilíbrio e a certeza que Deus é maior do que tudo. Na
relação com a natureza a louvar o dom que cada planta e cada animal por mais
insignificantes que sejam são vestígios do poder criador de Deus. E mais e mais
momentos que cada pessoa sempre encontra em cada dia onde decorre o encontro
com o que somos e o que desejamos ser como alimento de que a vida pode ser uma
felicidade quando sabemos conjugar a oração com as subidas e descidas nas
montanhas da vida.
Na oração do Pai-Nosso estão contidas
todas as coisas que se devem desejar e todas aquelas de que se deve fugir.
Entre as mais desejadas estão as que se amam mais, isto é, DEUS. Por isso, a
primeira que pedimos é a glória de Deus, dizendo: «santificado seja o Vosso
Nome».
A Deus, fazemos três pedidos:
1) É o de poder alcançar a vida eterna,
quando dizemos: «Venha a nós o Vosso Reino».
2) É para que façamos a vontade e
realizemos a justiça de Deus, e pedimos isso quando dizemos: «seja feita a
Vossa Vontade».
3) É para que se realizem as coisas
necessárias à vida, e pedimos isso quando dizemos: «o pão nosso de cada dia nos
dai hoje».
A estes três pedidos Jesus alude quando
diz sobre o primeiro: «procurai antes de mais o Reino de Deus»; sobre o
segundo: «a sua justiça», e sobre o terceiro: «e tudo o resto vos será dado por
acréscimo» (Mt 6, 33).
Das coisas a evitar e das quais devemos
escapar são aquelas contrárias ao bem. E o bem que devemos desejar é sempre o
mais elevado. O primeiro é a glória de Deus. E nenhum mal é contrário a ela porque
resulta quer do bem quer do mal: do mal enquanto Deus o rejeita, do bem porque
o premeia. O segundo, é a vida eterna, e este é contrário ao pecado, porque ela
é perdida com o pecado. Para o remover dizemos: «perdoai-nos as nossas ofensas
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». O terceiro bem são a justiça e as
boas obras, e a este bem são contrárias as tentações, porque elas impedem-nos
de fazer o bem. Para remover este mal pedimos: «não nos deixeis cair em
tentação». O quarto bem são as coisas necessárias à vida. Às quais se opõem as
adversidades e as tribulações. Para remover pedimos: «livrai-nos do mal. Ámen».
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