São
cada vez mais aqueles que acreditam na teoria da reencarnação com desprezo pela
ideia cristã de ressurreição. É mais fácil, mais cómodo e aparentemente mais
seguro acreditar na transmigração dos corpos ou da carne. Por isso, em que crê
quem crê na reencarnação?
A
palavra reencarnação, composta pelo prefixo «re» (que designa repetição) e do
verbo «encarnar» (tomar corpo, carne), significa, tornar a tomar corpo. Indica
uma acção do ser espiritual (espírito ou alma) que já animou um corpo no
passado, foi posteriormente separado dele pela morte e agora informa ou
vivifica um outro corpo.
Cumpre
esclarecer, que a reencarnação não foi inventada pelos Espíritas, é uma das
ideias mais antigas da Humanidade. Um papiro egípcio de 3000 A .C. já a menciona.
Na
Grécia clássica, Pitágoras (580
a 496 A .C.);
já divulgava o reencarnacionismo. No diálogo Phedon, Platão cita Sócrates (469 a 399 A .C): «É certo que há um
retorno à vida, que os vivos nascem dos mortos». Esta mesma certeza consta da
maioria das religiões antigas, como o Hinduísmo, Budhismo, etc.
Entre
os romanos, Virgílio exprime a ideia dos renascimentos nestes termos: «Todas as
almas, ainda que por milhares de anos tenham retornado à roda desta existência,
Deus as chama em numerosos enxames ao rio Léthé, a fim de que, privadas de
recordações, revejam os lugares superiores e convexos e comecem a querer voltar
ao corpo».
A
reencarnação está também na Bíblia. No A. Testamento, Jeremias diz: «Foi-me
dirigida a palavra do Senhor nestes termos, antes que eu te formasse no ventre
da tua mãe, te conheci; e, antes que tu saísses do seu seio, te santifiquei e
te estabeleci profeta entre as nações» (Jer 1, 4-5). Ou, no N. Testamento:
«Digo-vos, porém, que Elias já veio e não o reconheceram»; «Então os discípulos
compreenderam que (Cristo) lhes tinha falado de João Baptista.» (Mt, 17,
12-13). E ainda: «Não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que nascer de
novo.» (Jo, 3, 3).
Contudo,
entre os padres católicos, Orígenes é o que afirmou de forma mais precisa, em
numerosas passagens do seu Princípios (livro
1°), a reencarnação ou renascimento das almas. A sua tese é esta: «A justiça do
Criador deve aparecer em todas as coisas».
Alguns
teólogos católicos, São Jerônimo afirma que a transmigração das almas fazia
parte dos ensinamentos revelados a um certo número de iniciados. Nas Confissões, Santo Agostinho expressa dúvida em
relação à reencarnação: «A minha infância não sucedeu a um idoso morto antes
dela»... – Caso fosse, alguém estaria reduzido à escravidão.
Muitos
mais caminhos poderíamos encontrar para justificar a teoria da reencarnação.
Porém, para a fé cristã faz mais sentido acreditar na ressurreição ou na
plenitude da vida. Não pode a existência senão ser uma caminhada para a
eternidade, para uma vida gloriosa à maneira de Cristo ressuscitado. A vida não
pode ser um castigo, mas sempre um dom.
A
fé cristã, não encontra resposta satisfatória na transmigração das almas, se
entendemos esse peregrinar como uma necessidade de purificação. O cristão é
«outro Cristo», por isso, descobre o amor do Pai eterno, «Compassivo, justo,
misericordioso e sempre pronto a perdoar» (doutrina dos Salmos), assim, basta
aos filhos de Deus, uma réstia de arrependimento para acontecer de imediato a
purificação. Para os cristãos, mesmo que o agora da vida seja terrível, faz sentido
olhar sempre o futuro com muita esperança. O Deus revelado por Jesus Cristo não
sabe castigar, mas apenas salvar eternamente.
A meu ver, basta-me crer numa única encarnação, porque assim ocupo a minha fé a minha esperança com a ressurreição da carne não para este mundo, mas para o mundo que há vir onde a vida será plena de felicidade para sempre.
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