Mesa da Palavra
Comentário à Missa domingo X do Tempo Comum
A
dimensão profética percorre a liturgia da Palavra deste domingo, em Elias, o
profeta da esperança e da vida, em Paulo, o profeta do Evangelho recebido de
Deus, e, particularmente, em Jesus, o grande profeta que visita o seu povo em
atitude de total oblação e que estende os seus braços imensos para abraçar
todos e cada um de nós. Porque, para Deus, ao contrário da humanidade, cada
pessoa é sempre o seu maior tesouro.
Mas,
o que é ser profeta hoje, na vida concreta de cada um? - Ser profeta hoje passa
pelo sentir-se interpelado pela realidade, se acredita em Deus, sentirá Dele um
apelo, um chamamento e depois estará disponível para receber uma missão, ser
enviado/a por Deus ao mundo. Deus serve-se de muitas formas para chamar. Pode
ser um sonho, um ideal, uma causa, uma leitura, um acontecimento, um sinal
qualquer… Às vezes descobre-se o seu apelo no rosto de um pobre ou de um
escravo de vícios; outras vezes, nas páginas dos jornais; outras, nas necessidades
da Igreja ou da sociedade; outras, nos acontecimentos turbulentos do presente;
outras, mais simplesmente, nas palavras de um amigo e de uma pessoa de
referência.
Ninguém
é profeta na sua terra, é certo. Mas é na terra, no espaço concreto, na escola,
no local de trabalho, na comunidade, na Igreja... Que a profecia deve ser
anunciada, praticada, vivida com militância. Com coragem, com desassombro. E
como diz O papa Francisco: «nós falamos a verdade, com amor, ou falamos aquela
‘língua social' de sermos educados, de dizer coisas bonitas, mas que não
sentimos? Que o nosso falar seja evangélico!» Eis, como devemos então centrar a
nossa vida nesta dimensão do ser profeta. Jesus é o nosso guia.
Então
saliente-se as seguintes palavras, para nós assumirmos com afinco essa condição
do ser profeta hoje: «Não sejamos cães mudos, não sejamos sentinelas
silenciosas, não sejamos mercenários que fogem do lobo, mas pastores solícitos
que velam pelo rebanho de Cristo, pregando toda a doutrina de Deus ao grande e
ao pequenino, ao rico e ao pobre, a todas as classes e idades, enquanto Deus
nos der forças, oportuna e inoportunamente, tal como S. Gregório escreveu na
sua Regra Pastoral», in Das Cartas de S. Bonifácio, bispo e mártir.
Mais
ainda, o seguinte: «Quando perguntam, com palavras macias, açucaradas, se é
lícito ou não pagar impostos a César, eles tentam demonstrar-se amigos, mas é
tudo falso! É esta a linguagem da corrupção, da hipocrisia. Quando Jesus diz a
seus discípulos, diz que seu modo de falar deve ser ‘sim, sim' ou ‘não, não',
porque a hipocrisia não fala a verdade, porque a verdade não está nunca
sozinha: está sempre com o amor. Não há verdade sem amor». (Estas palavras
foram ditas pelo Papa Francisco na homilia desta terça-feira, 4 de Junho de
2013, durante a Missa que celebrou pela manhã na Capela da Casa Santa Marta).
1 comentário:
Padre José Luís Rodrigues, Amigo e Irmão, lindas e sábias palavras.Todas elas imbuídas pelo dom da Profecia. Esse hiato S.Roque/S.José-Roma. Isto é do Pe.José Luís Rodrigue e Papa Francisco são o testemunho mais verdadeiro de que o Evangelho move-se .Não em discursos hipócritas como os do "10 de Junho" , mas na vivência total da entrega à Palavra do Senhor Jesus. Ao longo de todos os tempos as profetisas e os profetas foram maltratados mas com o seu sangue encharcaram a Terra e o "leite e o mel" serão de novo devolvidos à Mãe Terra para que ela possa amamentar bem os seus filhos e filhas. E o nosso DEUS é o Criador e Re-Criador de todos os tempos pq a profecia é o seu microfone pelo qual são feitas as denúncias dos maus tratos ao Homem/Mulher e à Natureza. Deus não quer algozes assassinos,mas,sim, gente bonita que fertiliza o Mundo, de um modo particular, o actual com a ESPERANÇA e AMOR Bem Haja!
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