Há um pecado social que muito grave que é o da
corrupção que está embrenhada na sociedade toda. Porque a vida tornou-se tão
complexa e tão difícil que as coisas são mais fáceis de vencer e de conseguir
mediante o compadrio e o apadrinhamento.
A ganância do dinheiro e do
protagonismo social exigem uma entrega e uma submissão doentia face aos poderes
sociais, políticos e económicos. A dignidade, o respeito e o amor-próprio são
enviados às urtigas. Não importam para nada a dimensão do respeito e dos
compromissos eternos que implicam fidelidade e integridade. A corrupção é a
todos os níveis porque ninguém está minimamente preocupado com o respeito por
Deus e pela pessoa humana. O transcendente não tem nome face às sensações
imediatas que determinada meta social pode provocar. Face a essa perda de valor
o que mais vale é singrar a qualquer preço.
Então é preciso
ensinar a honestidade, o amor ao trabalho, a compaixão pelos que sofrem e o
respeito pelos outros, quem quer que sejam e ensinar a ter limites dos seus
desejos, nas suas pretensões. É tal o vício “de querer tudo” de muitas crianças
que torna-se difícil, a tarefa de educar. As crianças e adolescentes pedem tudo
o que têm os vizinhos ou companheiros de escola.
É útil que os
pais saibam que um estudo feito a crianças mimadas, a quem os pais tratam com
facilitismo, fazendo-lhes todas as vontades, mostra que mais tarde em adultos
vão deparar com dificuldades para enfrentar os desapontamentos da vida. E ainda
distorcem os seus direitos, prejudicando o êxito no trabalho como no
relacionamento com os outros.
Segundo alguns psicólogos, os pais que dão aos filhos tudo o que eles
querem, tornam-nos mais vulneráveis aos problemas de ansiedade e depressão no
futuro. «Fazer todas as vontades às crianças pode torná-las egocêntricas, o que
é um perigo para a saúde mental». E como diz José Saramago: «A única maneira de
liquidar o dragão é cortar-lhe a cabeça, aparar-lhe as unhas não serve de nada».
É bem que sejamos capazes de cortar as cabeças a muitos dragões que se instalaram
à mesa do bem comum e sugam tudo quanto podem.
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