Comentário à Missa deste domingo
da Ascensão, 1 Junho de 2014.
O que significa a Ascensão de Jesus? Ou,
então, o que significa dizer que Jesus subiu aos céus? - Com toda a certeza que
Jesus subiu aos céus. Porém, dizer que Jesus subiu aos céus é o mesmo que
dizer: "ressuscitou", foi glorificado, entrou na glória de Deus.
Cristo subiu ao céu, o lugar do Pai e
com Ele todos nós subimos à mais alta dignidade, tornamo-nos «coisa» divina:
realidade divinizada, semelhante àquilo que Deus é, eternidade e plenitude.
Santo Agostinho afirma-o de forma magnífica: «Considerai, com efeito, irmãos, o
amor da nossa cabeça. Já está no céu e ainda trabalha sobre a terra, enquanto
sobre a terra se afadiga a Igreja: aqui Cristo tem fome, tem sede, está nu, é
forasteiro, doente, preso. Ele mesmo o disse: que sofria tudo aquilo que sobre
a terra o seu Corpo padece. No fim dos tempos separará o seu corpo para a
direita e os outros, pelos quais agora é oprimido, para a esquerda» (S.
Agostinho, Sermão 137, 1-2).
No entanto, inquieta-nos saber que o
corpo de Jesus foi colocado no sepulcro. Deus não precisava de nada do Seu
Corpo material para tomar o Corpo de "Ressuscitado" que São Paulo
chama de "corpo espiritual" (cf. 1Cor 15, 35-50). Numa palavra o
mistério da Ascensão, por um lado, é o momento da partida de Jesus para Deus
Mãe e Pai, mas, por outro, é também o momento em que toda a humanidade com Ele
e Nele se vê elevada ao mais alto da dignidade. Isto é, em Jesus elevado ao céu
toda a humanidade é tomada por Deus para se divinizar também. E nesta
perspectiva fica confirmada a palavra de Santo Ireneu quando nos diz o
seguinte: "em Jesus Cristo, tornamo-nos todos deuses".
Esta expressão parece forte esta
expressão, mas revela-nos a densidade do amor de Deus encarnado na história
concreta do mundo. A nossa condição material, perante o mistério da Ascensão de
Jesus Cristo, assume o sentido total e último, o da glória de Deus. E, dessa
forma, participamos efectivamente da divindade de Jesus e tomamos parte da mesa
do banquete da plenitude da graça que Deus concede a todos os que se deixam envolver
pelo seu amor.
Lucas, revela-nos que toda a realidade
da terra: amores e desamores, sucessos e desgraças, aventuras e desventuras,
justiças e injustiças, alegrias e tristezas, esperanças e desesperanças, saúde
e doença, ausência de dor e sofrimento e até os factos mais absurdos, como uma
morte cruel... Nada está fora do plano de Deus. Tudo em
Jesus se envolve na "multimédia" do amor. A isso chamamos de
salvação, que se encontra na elevação da vida que devemos manifestar nas
palavras e nos gestos concretos.
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