Comentário à Missa deste domingo VI
Páscoa, 25 maio de 2014
A
Palavra de Deus do VI Domingo da Páscoa proclama a entronização de Jesus como
Messias e Salvador. A entronização não assinala o fim, mas o início do reinado:
Jesus inaugura, pois, uma nova presença, plena, eficaz e salvífica, no meio dos
homens e mulheres de cada tempo histórico. Porém, o mais interessante desta mensagem
radica no facto de nos apontar para uma nova etapa no processo da salvação de
Deus. Jesus vendo que está para breve a Sua partida, propõe um novo caminho,
orientado pelo «Defensor», «o Espírito da verdade». De acordo com este caminho
São Paulo afirma: «Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós
somos os mais infelizes de todos os homens» (1Cor 15, 19).
Jesus
aponta uma realidade para que a nossa fé não radique só e unicamente naquilo
que somos e queremos para esta vida, mas vá muito mais além. Esta ideia do
Defensor «o Espírito da verdade», é muito bonita e encoraja-nos a acreditarmos
na vida presente e na vida futura. Nada nos deve derrotar ou fazer temer, o
nosso Defensor nos guardará de todos os males. E tomando as palavras de São
Paulo, descobrimos que essa vida futura não foi só para Jesus Cristo, mas para
todos os crentes. Ora vejamos: «Se com Ele morremos, com Ele viveremos; se com
Ele sofremos, com Ele reinaremos» (2Tm 2, 11-12). Nesta palavra descobrimos o
sentido para esta vida terrena e uma resposta para a inquietação da realidade
«invisível» (palavra utilizada por São Paulo) depois da morte.
Jesus
revela-nos a verdadeira palavra, a Palavra de Deus, e com ela somos convocados
para o acolhimento do Espírito Santo. Este é o único Espírito que salva e que
pode dar garantias de futuro. Nada nos deve demover desta causa. O Espírito de
Deus é um caminho de salvação que nos garante uma possibilidade de graça
salvadora. Nada nem ninguém nos pode contrariar nem desviar desta luz de amor
revelada por Jesus. Em nós o Defensor quebrou as correntes da divisão, o ódio,
a violência, os rancores, os amuos que provocam tristeza e inimizade, a falta
de abertura para o perdão, a teimosia, a intolerância e o racismo nas religiões
e nas comunidades humanas. O Espírito da verdade liberta-nos para luz da vida
cheia de paz e do amor que Deus semeia no coração de todos. Cabe-nos fazer
germinar em cada canto da vida a beleza dessa realidade.
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