Comentário à missa deste Domingo
V da Páscoa, 18 maio de 2014
Uma
definição perfeita. Pois, nos leva a perceber o que Jesus é e como se apresenta
para que nós cheguemos por Ele à descoberta da plenitude da vida. Nisto
consiste o Grande Amor de Deus traduzido em Jesus que se apresenta como
caminho, verdade e vida. Caminho, que nos faz melhores pessoas porque nos
garante segurança, paz e estrada ampla para transportarmos cargas enormes de
fraternidade. Verdade, porque por Ele descobrimos todos os valores que nos desvelam
o serviço e a disponibilidade para amar a criação de Deus, especialmente,
aqueles e aquelas que são os nossos semelhantes. Vida, porque Jesus é vida
ressuscitada em glória para eternidade. Sendo a nossa vida realidade mergulhada
na vida de Jesus, atingimos a eternidade.
Depois
da Segunda Guerra Mundial, teve muito êxito uma peça de teatro, que apresentava
um jovem soldado que regressava a casa e encontrava a sua cidade em ruínas, a
casa destruída, a sua família desaparecida.
No meio do desespero, punha-se no meio do palco e
perguntava ao público da plateia: - Será que estou só? A obra prosseguia
desenvolvendo-se segundo a inspiração dos espectadores. Uma noite, ao fazer
essa dolorosa pergunta, levantou-se uma pessoa do público, subiu ao palco,
deu-lhe uma forte abraço e disse-lhe: - Não, não estás só. Eu estou contigo;
sou teu irmão. Sentir-se só neste mundo é a pior angústia de qualquer pessoa,
porque a pessoa nasceu para viver em relação de amor com os outros, a quem
trata por irmãos. Somos pessoas chamadas a viver a fraternidade. Nós cristãos
só temos uma lei: amar a todos como irmãos. Jesus é o nosso modelo, a sua acção
foi uma total entrega ao serviço do amor por todos. À nossa volta não existirão
pessoas que se sentem sós? Que atitude tomar para irmos ao encontro de quem
precisa da nossa palavra amiga e do nosso afecto sincero?
Os
caminhos deste mundo estão esburacados com o mau carácter, a maledicência e
todos os desejos de poder desmesurado para rebaixar os outros, coisa que nunca
levarão à meta da vida, não são a verdade, porque apenas pensam nos outros não
como irmãos, mas como objectos que se podem rebaixar e humilhar para fazer
vencer os interesses pessoais e a vontade do ter em detrimento do ser.
Neste
sentido reparemos no que escreveu São Francisco de Assis, que se toma como grande
desafio para os discípulos de Jesus se querem ser continuadores da obra da
salvação e libertação começada por Jesus: «Devem regozijar-se quando se
encontram no meio de pessoas de baixa condição e desprezadas, entre os pobres e
os enfermos, os doentes e os leprosos e os pedintes das ruas». Os cargos de
responsabilidade de hoje não estão para isto, tomaram outros interesses, outra
vontade, que se centra sempre mais no eu de cada um contra a comunidade, o bem
comum... Urge uma redescoberta de que ninguém se salva sozinho e que a casa
comum que nos foi emprestada para vivermos esta parcela da vida material, pode
ser mais bela para todos. Urge a descoberta do sentido da responsabilidade de
uns pelos outros. Bastava pensar que não seremos felizes enquanto formos
semeadores de infelicidade.
Jesus caminho, verdade e vida ensina-nos que todos
os que acreditam em Jesus, em qualquer posição social do mundo e da vida da
Igreja, devem assumir valores e qualidades de humildade e simplicidade à
maneira do Mestre. Todos os que seguem Jesus lutam contra a pobreza, contra as injustiças,
contra todo o género de sofrimento, porque desejam a libertação e tomam a sério
o amor como caminho de felicidade para todos. Eis o Evangelho, «a medida do
amor, é amar sem medida» (S. Bernardo). Nesta máxima devia estar o coração de
todos aqueles e aquelas que se chegam à frente para tomar a responsabilidade do
poder em qualquer circunstância.
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