Muitas vezes medito em títulos extraordinários sobre
Deus: «E até Deus se ri»; «Deus é humor» e «Deus é alegre». Creio, portanto,
que tudo desta vida terá sempre a protecção do infinito humor de Deus, que
desatou o riso ao sisudo Abraão e a Sara amargurada (cf. Génesis 17, 17; 18,
12-15). Aliás, quando no presente o deserto é grande e não parece haver futuro,
só o riso poderá ser fecundo. Esta foi a conclusão de Sara, a estéril: «Deus
fez-me rir e quantos souberem do motivo do meu riso rirão também» (Génesis 21,
6-7). O Deus extravagante enche de alegria aquele que cai no desespero.
Por fim, descubro na Igreja figuras exímias na arte
da extravagância e da descontracção, lembro apenas três nomes bem conhecidos de
todos nós, João XXIII, João Paulo I e o Papa Francisco, que souberam quebrar um passado todo ele
marcado de forma voluntária ou involuntária pela rigidez de normas inadequadas
confundidas ou autorizada com a vontade de Deus.
Aliás, descubro na doutrina da Igreja mais recente
uma imagem de Deus muito mais aberta e mais de acordo com a imagem dos
evangelhos. Deus é festa e alegria. Por isso, partilho com todos os que se
impressionam com o sofrimento e com a morte de Jesus os dez mandamentos da
alegria: 1. Procura um objectivo para tua vida; 2. Tens que valorizar o que
tens de bom; 3. Aceita as tuas limitações; 4. Trabalha no que mais te agrada;
5. Vai-te preparando em tarefas agradáveis para quando fores velho; 6. Mata o
ódio interior; 7. Pensa nos outros; 8. Revê os cálculos das tuas avaliações; 9.
Sorri, canta, assobia, faz o que sabes; 10. Descobre que Deus é alegre (cf.
Félix Núñez Uribe, Deus é Humor, pag. 137).
Pode-se rir de tudo? – Penso que sim. Porque como
dizia Voltaire, «o riso humano é, na sua forma primitiva, um cerimonial de
salvação». Em todos os casos o riso é fecundo. E já todos sabemos que «rir é o
melhor remédio».
1 comentário:
Bom dia!
Talvez seja verdade que «rir é o melhor remédio»" e que "Pode-se rir de tudo".
Pessoalmente acredito que a vida vista de perto é uma tragédia, vista de longe é uma comédia.
Acredito também que quanto mais os outros se rirem de mim, mais dramática e dolorosa é a tragédia.
O "riso" para mim é um ato sagrado e todos deveríamos saber usá-lo como tal.
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