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quinta-feira, 23 de julho de 2015

A abundância se estamos com Deus no coração

Comentário à missa do próximo domingo XVII tempo comum, 26 de julho de 2015
Já ouvi por muitas vezes pessoas interpretarem de forma errada esta passagem bíblica em Efésios 4, 2 "suportai-vos uns aos outros". Muitos interpretam a palavra "suportar" como "tolerar" e chegam ao cúmulo de dizer: " Não gosto de fulano mas suporto-o porque Deus manda!"Suportar é algo que está muito além desta concepção. Significa sustentar, estar debaixo de..., sofrer, etc. Creio que o exemplo de Cristo com a cruz às costas ilustra bem e melhor define o que verdadeiramente significa, suportai-vos uns aos outros... Se nos remetemos ao Evangelho de Mateus, vamos encontrar uma alusão parecida com a de São Paulo, feita por Jesus. "Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes" (Mt 5.42). Nos tempos que correm este ensinamento tem muito que se lhe diga. E pela quantidade de gente que encontramos que não é capaz de ser fiel à palavra dada nem muito menos cumprir o que promete, estamos bem arrumados com este ensinamento…
Num tempo de tantos aldrabões e aldrabices, como viver isto? - Perguntamos. Ora vejamos, tantas vezes, ao sermos solicitados a ajudar certas pessoas necessitadas, inclinamo-nos a perguntar: "São cristãos? São sérios? O que fazem no dia-a-dia? Fumam cigarros? Passam os dias nos cafés? Vivem correctamente? Se não, por que os haveríamos de ajudar"? Obviamente, que se descobre cada vez mais a consciência de que se deve ajudar quem precisa e não quem merece. Senão…
Há uma velha alegoria judaica, mais ou menos neste teor. Um dia Abraão estava sentado à porta da tenda, como tinha por costume, esperando hospedar estranhos, quando viu, caminhando na sua direcção, um homem de cem anos, todo curvado e amparado no seu bordão, fatigado pelos anos e pela viagem. Abraão recebeu-o bondosamente, lavou-lhe os pés, fê-lo sentar-se e serviu-lhe a ceia. O ancião comeu, entretanto, sem pedir a bênção de Deus nem lhe dar graças. Ao ser-lhe perguntado por que não adorava o Deus do céu, o velho disse a Abraão que adorava unicamente o fogo, e não conhecia outro deus. Diante desta resposta, Abraão no seu zelo, ficou indignado a ponto de mandar embora o velho da sua tenda, expondo-o às trevas, aos males e perigos da noite, sem protecção. Deus chamou Abraão e perguntou-lhe onde estava o estrangeiro. Ao que o patriarca respondeu: "Atirei-o para fora, pois não Te adora". Deus então respondeu: "Eu tenho-o suportado por mais de cem anos, se bem que ele me desonre, e tu não o pudeste suportar por uma noite, sendo que ele não te causou nenhuma perturbação?" Tendo em conta isto, diz a história, Abraão chamou o homem de volta, foi hospitaleiro com ele, e proporcionou-lhe sábias instruções.
Nos nossos dias onde a fome assola algumas das famílias da nossa terra, porque o desemprego e a sobrecarga de impostos fazem-se sentir de forma cruel, torna-se imperioso que a nossa reflexão se centre na dimensão da partilha como único valor para criar e recriar a felicidade para todos. É esse o desejo, o sonho de Deus, deve essa a razão de ser da nossa vontade de lutar por um mundo mais inclusivo, mais igualitário, mais justo e mais feliz.

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