Comentário à missa deste domingo XIV tempo comum, 5 de julho de 2015
A liturgia deste Domingo apresenta-se como um
incentivo, uma esperança ou um consolo importante para enfrentar todas as
consequências, quando tomamos a coragem de defender a verdade e até quando
ousamos simplesmente opinar sobre alguma coisa que vá contra o pensamento único
e dominante deste mundo. Não é nada fácil estar contra a corrente. Não nos deve
calar nem sossegar a mentira que se torna verdade e a verdade que se torna
mentira, para dominar e fazer prevalecer o poder de alguns sobre os mais
frágeis desta vida.
Mas, São Paulo adverte que aquilo que recebemos
de Jesus Cristo não nos deve ensoberbecer. A simplicidade e a humildade na
missão que Deus nos concede realizar, devem ser qualidades tomadas muito a
sério. Por isso, perante as injustiças da vida devemos sem medo proclamar o bem
para todos. Não devemos estar quietos enquanto a vida se resumir a viver por
viver, porque as condições para tal são, o maior dos egoísmos, o
individualismo, o perimitir que a soberba de alguns que tudo dominam em
detrimento do bem comum e da justiça.
Tomar a sério a opção pela verdade e pela
justiça que o Evangelho proclama arrasta muitos dissabores, que podem ser a
calúnia, a vingança, a incompreensão, a prisão e até a morte. Mas, nada disso
nos deve derrotar. Perante tais fraquezas são Paulo diz o seguinte: «Alegro-me
nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas
angústias sofridas por amor de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que
sou forte» (2Cor 12, 10). Face a esta convicção não deve entrar o medo na nossa
vida. Mas, a coragem para proclamar bem alto a maravilha do amor de Deus em
favor da humanidade toda.
A coragem deve ser um valor que todos devem
assumir, porque o nosso mundo precisa de gente corajosa na luta contra a
guerra, isto é, precisa o mundo de um pacifismo militante contra a soberba dos
poderosos que tudo querem dominar, esmagando os mais frágeis, os pobres da
sociedade, que, afinal, às vezes lhes convém alimentar com migalhas ou com
esmolas ao invés de se fazer o melhor que era levar à prática a justiça.
É disto que precisamos e não de singela caridade
que alimenta e faz crescer a pobreza. O nosso tempo está anestesiado com
festas, pão e todo o género de animação para manter a sociedade como que
inebriada ou embriagada para nada reclamar e nada fazer contra tudo o que tem
direito para ser gente a sério. É um retrato dramático do que hoje vivemos, antepomos
à dignidade da vida a prosperidade económica, a finança e o dinheiro, mesmo que
muitas vezes este caminho nada se empenhe conta a eliminação radical da
violência e da morte. Não será que fazemos como os conterrâneos de Jesus,
desejamos que se ponha andar, que se afaste e nos deixe sossegados, por mais
que junto a nós existam tantos demónios de violência e de morte?
As fraquezas desta luta
pela justiça, não devem falar mais alto, mas devem ser um incentivo, um
impulso, porque deve a utopia do amor ser o alimento da nossa vida. Não devemos
permitir que tais fraquezas nos dominem e nos deixem atrofiados. Parece
contradição, mas o alimento de Deus, ajuda a tomar coragem e a enfrentar tudo o
que seja contrário à beleza da vida. Por isso, cada um e cada qual, pode fazer
acção na sua família, no seu trabalho e em qualquer lugar do mundo, onde esteja
presente, sem sombra de medo de represálias ou de vir a ficar mal. Vamos dizer
alto e bom som que a força de Deus está aí, fazendo das fraquezas um alimento
essencial para a luta da vida. Até porque na Encíclica Laudato Si
(Louvado Sejas) do Papa Francisco, nº 71 afirma: «Basta um homem bom para haver
esperança», porque, «a injustiça não é invencível» (nº 74). Só por aqui seremos
felizes.
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