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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Catolicismo e Comunismo

Oferta de Evo Morales, Presidente da Bolívia: «Isto não está bem» - disse o Papa Francisco perante o «crucifixo comunista»...
A oferta de Evo Morales, causa alguma indignação pelo mundo fora, sobretudo nos meios mais arreigados catolicamente. Mas, esta cruz de Jesus sobre a foice e o martelo é uma réplica da cruz que utilizava, o jesuíta Luis Espinal, que o papa Francisco já rendeu homenagem nesta viagem à América Latina, junto do lugar onde foi encontrado o seu corpo a 21 de março de 1980. Apenas três dias depois do assassinato de Monsenhor Óscar Romero. São duas vítimas da violência da extrema direita, acusados de comunistas perigosos. Romero como todos sabem já foi beatificado e depois da homenagem prestada pelo Papa a Luis Espinal, pode ser que seja também em breve reconhecida a beatificação.
Mas, afinal do que se trata realmente? – Trata-se de reconhecer categoricamente, que os extremismos resultam sempre na barbárie, mesmo que ostentem à mais requintada e pura cruz com Jesus pregado.
Muitos se mostraram indignados com o Presidente Morales, face a tão provocatória oferta, que representa um regime totalitário que causou milhões de mortos em todo o mundo e que perseguiu os cristãos durante largas décadas. Tudo isto é bem verdade, porém, os indignados, nada dizem, porque não sabiam provavelmente como nós também não sabíamos, que estes símbolos tinha sido idealizados por um jesuíta, Luis Espinal.
Os mesmos indignados também não se lembram que durante séculos a cruz foi utilizada para a conquista, o massacre e a imposição de ideologias totalitária que foram a infelicidade de tantos povos neste mundo, a América Latina é um exemplo bem flagrante desta realidade.
Não será este o momento para pesar o que quer que seja, porque os pratos não chegarão para colocar sobre a balança as desgraças que em nome da cruz se foram praticando. Mais, teremos que manter a lucidez e reconhecer honestamente que Cristo esteve sempre acima de qualquer medida e nenhuma medida venceu o poder do amor que Jesus Cristo representa.
Neste sentido, ficamos com a ideia já expressa por Francisco, é preciso tirar a cruz do jogo político e de qualquer ideologia. O Papa acrescentou ainda que o Cristianismo não é uma ideologia, é uma forma de vida, é um modo de construir uma sociedade mais justa e mais solidária.
Os que estão indignados com a oferta de Evo Morales e que não são capazes de ver mais longe, deviam ver também que tantas vezes a cruz serviu para ser sinal de divisão, de desencontro, de morte e não de vida. Por isso, não precisamos agora de continuar concentrados num acessório, aliás uma repulsa que ficou bem evidente na expressão do rosto do Papa Francisco. A meu ver o regalo de Morales serve para que mais uma vez nos ponhamos a refletir sobre o quanto nos perdemos fora do essencial e muitas guerras tantas vezes rebentam precisamente porque a humanidade sempre dá mais valor à banalidade. Tudo contra todos os totalitarismos, mesmo que aparentem a vestimenta religiosa como capa para fazer valer a honestidade e das boas intenções. É disso que se trata. 

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