A
verdade é sempre um ideal tão elevado e transcendente como o bem, a beleza ou a
liberdade, que apenas nos é dado nomear. A verdade está ao lado destes valores
que refletem o que é o mistério de Deus. E por serem atributos de Deus, são
ideais insondáveis e só estão ao nosso alcance por aproximação ou por
vestígios.
A
pergunta de Pilatos a Jesus é sintomática e a reação de Jesus (ou a não reação)
é reveladora de como estamos perante uma dimensão inefável da comunicação.
Pergunta o Político Pilatos: «O que é a verdade?» (Jo 18, 38). A resposta de
Jesus é profundamente esclarecedora. Isto é, Jesus remete-se ao mais profundo
silêncio e deixa perceber que a verdade não tem outra definição senão o mais
desconcertante silêncio. No entanto, não devemos esquecer que o mesmo Jesus já
tinha ensinado que a verdade autêntica era a sua pessoa mesmo. E assumir hoje a
riqueza da diversidade, o diálogo e escuta mútuos, a oração e o compromisso
pela justiça, a verdade que «não é minha nem tua, para que possa ser tua e
minha» (S. Agostinho).
A
verdade é fácil de contemplar, mas difícil de realizar. Os caminhos tortuosos
que a vida nos oferece nem sempre permitem a realização da verdade como o valor
mais procurado, defendido e vivido. As circunstâncias do quotidiano obrigam ao
mais profundo desgaste da verdade e conduzem, por vezes, ao esquecimento
daquilo que é autêntico para a identidade das pessoas e das coisas. Muito
facilmente a vida empurra para a não verdade das situações e das atitudes. E, como
dizia o teólogo H. Urs von Balthasar, «a verdade é sinfónica».
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