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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Quando a notícia é o drama

Os tempos continuam difíceis para muita gente. Os dramas são em catadupa. Cada dia um pior que o outro. Vamos tendo conta disso pelos meios de comunicação social. Entre nós o suicídio está a ganhar contornos de calamidade, embora silenciosa. É preocupante que tenhamos que saber quase diariamente entre nós de pessoas de todas as idades, que o único caminho que encontram para resolver os seus problemas, mesmo que sejam extremamente bicudos, tenha que ser o suicídio.
Andamos muito mal neste domínio. Muita coisa que temos e fazemos, falham redondamente no que diz respeito à transmissão de valores ou à perda deles... O que falhou? O que falta?
Obviamente, que fico chocado com o drama que se passou ontem (dia de Reis, 6 janeiro de 2016) no Lombo de São João na Ponta de Sol. Ninguém de bom senso vê uma barbaridade destas com ânimo leve e os pensamentos à volta desta tragédia são completamente confusos.
Um drama que os nossos tempos consideram ser necessário noticiar. Assim fizeram vários órgãos de comunicação social regionais e nacionais. Porém, chamou-me a atenção o facto de perante as câmaras de televisão as pessoas estarem a chorar amargamente. A notícia sobre o drama converteu o drama na notícia. O que nos interessantes que os vizinhos venham chorar para a televisão? O que adianta ao caso? – Se vermos pessoas a chorar por causa dos dramas humanos é assim tão importante, vão aos cemitérios onde todos os dias não falta a criatividade à volta de choros e gritos de toda a ordem.  
A meu ver não seria necessário tanto. Pasmar em silêncio com as câmaras em punho gravando o choro e a expressão dramática dos populares chocados com a desgraça da vizinha, não me parece que acrescente mais nada à notícia.
É grave que este aproveitamento se faça, porque quando o drama se converte na notícia facilmente a opinião pública faz claramente os seus juízos de valor. Uns serão bons outros serão maus. As circunstâncias, as causas e todos os meandros passados e presentes deixam de existir. Não gosto nada que a sociedade, a minha sociedade, esteja a caminhar assim. E muito mau será que quem tem o dever de informar não tenha esta preocupação.

2 comentários:

José Ângelo Gonçalves de Paulos disse...

A pobreza extrema gera violência. O crime está intrinsecamente ligado esses actos tresloucados. Consumo excessivo de álcool, droga, prostituição, muito raramente, são boas conselheiras. iremos, pois, às causas desses dramas profundamente humanos, embora animalescos. Nada justifica a morte provocada pelo pai ou mãe aos filhos. Mas as situações actuais mandam as pessoas para as cadeias e para os cemitérios. Normalmente são sempre os pobres as vítimas mais do que causadores destas calamidades desumanas.

António Ja Batalha disse...

Neste novo ano estou a tentar visitar todos os amigos da Verdade Em Poesia afim de lhes desejar um 2016 muito feliz cheio de grandes vitórias e muita saúde e Paz.
António.