Esta manhã fomos confrontados com as
declarações graves do ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR), António Guterres. O mais prestigiados português da atualidade, afirmou que há «sérios riscos» do sistema europeu de
asilo e do espaço Schengen «colapsarem» porque há «cada vez mais» países a
recusarem entrada de refugiados. Assegurou que «No momento em que os europeus
precisavam de se unir, infelizmente continuam a desunir-se, o que é péssimo
para os refugiados», sustentou no debate «Estudo de Caso: A tragédia dos refugiados
e a resposta internacional», nesta segunda-feira à noite na Fundação de
Serralves, no Porto.
O ex-primeiro-ministro português frisou
que «as coisas em vez de estarem a melhorar estão a piorar», lembrando que o
drama dos refugiados é uma «tragédia» e um «mau sintoma» da situação atual de
um mundo «cada vez mais perigoso». O Papa Francisco tinha advertido da
seguinte forma: «É o mistério do mal que ameaça também a nossa vida e que
requer de nossa parte vigilância e atenção para que não prevaleça» (Angelus, 4 janeiro de 2016).
Precisamente, perante esta denúncia
grave sobre a situação do mundo hoje, estamos também a ser confrontados com a notícia
que a Dinamarca seguramente vai aprovar hoje uma lei contra os refugiados, eufemisticamente
chamada de «Nova lei de asilo». Esta lei prevê entre várias medidas a
confiscação de valores aos migrantes, que segundo vários especialistas viola
várias convenções internacionais e faz remontar às leis de espoliação nazis
contra os judeus que vigoraram na Europa durante o período tenebroso das
ditaduras nazis que assolaram a Europa durante o século XX. Além da espoliação
de valores a lei prevê a perda de direitos sociais e disposições que travam a
obtenção de autorização de residência e a unificação familiar.
A reforma, apresentada em Dezembro, foi
proposta pelo partido anti-imigração Partido do Povo Dinamarquês, aliado do
governo minoritário de Lars Lokke Rasmussen, e, graças a um acordo com outros
partidos, tem praticamente assegurada uma maioria no parlamento.
É deste mundo perigoso que nos fala
António Guterres. Não pode ser assim. A loucura dos interesses materiais e o medo não
podem prevalecer perante o valor da vida humana, a dignidade e o direito de ser
gente em qualquer parte do mundo.
Nós, cidadãos devemos indignar-nos
sobremaneira e procurar todas as formas de denúncia, pressão
e sensibilização das autoridades europeias para que tomem medidas
corajosas para minorar este drama.
Não vejo diferença nenhuma quando contemplo hoje os barcos apinhados de gente em relação aos vagões dos nazis que na segunda guerra mundial transportavam os judeus em condições miseráveis para os campos da concentração da morte. Parece que a vida humana, apesar dos avanços tão solenes e sofisticados, pouco ou nada vale para a humanidade hoje. Isso é triste, muito triste.
Não vejo diferença nenhuma quando contemplo hoje os barcos apinhados de gente em relação aos vagões dos nazis que na segunda guerra mundial transportavam os judeus em condições miseráveis para os campos da concentração da morte. Parece que a vida humana, apesar dos avanços tão solenes e sofisticados, pouco ou nada vale para a humanidade hoje. Isso é triste, muito triste.
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