Somos
fruto do ambiente e a história pessoal de cada um tem muito que ver com as
influências que o ambiente onde nasceu proporciona.
Vejamos a história que
nos conta António Alçada Baptista, no seu último livro, «A Cor dos Dias». Diz
assim o autor: «Uma mulher na Guiné, ao ir buscar lenha, deixou o seu bebé no
chão, à entrada da floresta, e o pequenino desapareceu. Passados, quatro anos,
um caçador viu um rapazinho no meio de um bando de macacos. Organizou-se uma
batida e o menino foi apanhado. Mas aí é que foi o pior. A criança ficou
entregue aos cuidados da instituição que aquele senhor dirigia. Não conseguiram
adaptá-lo minimamente aos costumes humanos. Para comer, tinham que lhe atar uma
corda à perna e levá-lo à floresta. Não conseguiram que ele falasse e, passados
dois anos, morreu».
Esta
história ilustra bem a afirmação de como cada um de nós é fruto do ambiente e
das circunstâncias onde nasceu e cresceu. São, no fundo, os outros que nos
fazem. As influências externas a nós são muito importantes para a constituição
da nossa idiossincrasia. Nada somos, sem o mundo à nossa volta. Não é possível
imaginar uma vida sem os outros, sem amor aos outros e muito menos sem o amor
que os outros tenham por nós. Ao contrário desta realidade, é a solidão e o
abandono, que ditarão o drama mais cruel que o homem pode enfrentar. A vida não
é sem a relação com os outros.
Porque
se a nossa existência não é sem a dimensão social, o que seria sem aquilo que
Deus nos deu, isto é, a nossa inteligência, as nossas qualidades e capacidades?
– Somos o ambiente mais tudo aquilo que a criação nos presenteou. Tudo deve
convergir para a formação de uma identidade própria, individual que deve ser
valorizada e plenamente integrada no modo de ser de cada pessoa. Por isso, valorizemo-nos e valorizemos na melhor medida possível quem se achega a nós se vier por bem.
3 comentários:
Boa Noite Sr. Padre José Luís,
Começo por agradecer as suas reflexões, que muito me ajudam a ter outros pontos de vista, outras maneiras de encarar o mundo.
A sua reflexão sobre a necessidade do sentido da vida é sem dúvida a maior falha ou carência da nossa sociedade.
E aqueles que se achegam ao pé de nós por mal? Que resposta devemos dar?
Sabemos que é fácil valorizarmos aqueles quem se achegam por bem mas tão difícil olharmos com Misericórdia e Amor para aqueles que se achegam para o mal...
Mas sim, precisamos de desenvolver nos outros, sobretudo nos mais novos, o sentido da vida, alicerçados nos valores culturais, no respeito pelos outros, pelo ambiente e pelo mundo que nos rodeia.
Grata por me permitir refletir nisto neste momento
Um abraço fraterno
Isabel Abreu
Cara Isabel Abreu, obrigado pelo seu comentário.
Quanto aos que se achegam por mal a nós, parece estar a resposta no seu comentário, olhar para eles com misericórdia e depois caso nos recusem, fazermos o que diz o Evangelho: "sacudir o pó das sandálias e andar para diante". Não podemos é nunca responder o mal com o outro mal. Seja feliz sempre.
Grata por dispensar parte do seu tempo para responder ao meu comentário e pelo seu conselho.
Sem dúvida! Muito pó temos de sacudir das nossas sandálias.
Abraço
Isabel Abreu
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