A palavra «mística», embora a sua
primeira aparição aconteça no escrito de Dionísio Areopagita, que data do final
do século V, início do século VI da era cristã, é algo cujo conteúdo sempre
esteve presente na história do Cristianismo.
Se quisermos ser rápidos correndo o
risco de cairmos num certo facilitismo perigoso, dizemos que mística é uma «experiência
do mistério». É toda a procura do «mistério de Deus». É uma experiência do
mistério do totalmente Outro, um conhecimento desse Outro por experimentação.
Uma experiência, portanto, do Deus que é mistério divino (santo) mas que,
permanecendo escondido, se deixa experimentar e conhecer.
A espiritualidade consiste na tendência
que o ser humano sempre põe em confronto a sua particular experiência com a
totalidade e se abre à dimensão espiritual. Deste modo, toda a experiência
verdadeiramente humana está aberta ao transcendente e, portanto, ao espiritual.
Diria até de outra forma, que tudo o que é verdadeiramente humano, quando é um
bem para a humanidade, é, por conseguinte, verdadeiramente espiritual.
Hoje precisamos de uma espiritualidade e
de um misticismo que nos levem a entrar nas profundezas da realidade, no
mistério que envolve toda a nossa vida, no Deus que habita em tudo e em todos. Não vale confundir isto com panteísmo (doutrina que define que Deus é tudo o que existe no mundo e no universo inteiro). Não é disso que se trata, estamos bem conscientes do que são as duas coisas.
Precisamos de uma mística que liberte o
nosso espírito e nos leve a viver sem medos ou amarras, indo sempre mais além
dos intimismos individualistas. Uma mística e espiritualidade intimamente ligada
simultaneamente ao amor, a sabedoria que rompe fronteiras e supera os esquemas
que desumanizam e que é luz para saber ver a realidade e comprometer-se na sua
transformação.
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