Uma entrevista que vem
no Expresso online, sorte que o acesso é livre, feita por e-mail, a Andreas Schleicher, diretor do departamento de
Educação e Competências da OCDE. Deve ser lida por todos os professores
especialmente, mas também por todos os pais e agentes da educação. A citação
seguinte provocou-me um sobressaltar, porém, pensando bem, tem tudo a ver com a realidade
dos nossos dias. Podem ler na íntegra AQUI.
«Há uma geração, os
professores tinham a expectativa de que o que ensinavam aos alunos seria válido
ao longo de toda a vida. Hoje, as escolas têm de preparar os estudantes para
uma mudança socioeconómica mais rápida do que alguma vez foi, para empregos que
ainda nem sequer foram criados, para usar tecnologias que ainda não existem e
resolver problemas que ainda não sabemos que vão surgir. O sucesso educativo já
não reside maioritariamente na reprodução de conteúdos, mas na extrapolação
daquilo que sabemos e na sua aplicação criativa a situações novas. Ou seja, o
mundo já não recompensa as pessoas apenas por aquilo que sabem — o Google sabe
tudo — mas por aquilo que conseguem fazer com isso. Por isso, a educação tem
cada vez mais que ver com o desenvolvimento da criatividade, do pensamento
crítico, da resolução de problemas e da tomada de decisões; e com formas de
trabalho que implicam comunicação e colaboração. Se passarmos toda a nossa vida
fechados numa única disciplina, não conseguiremos desenvolver as competências
para perceber de onde virá a próxima grande invenção. É por isso que fazemos
das “Competências Globais” o foco do próximo teste do PISA. Mas penso que no
século XXI temos de ir mais além e reconhecer que o conhecimento e as
competências não são suficientes per se. Os banqueiros que arruinaram o nosso
sistema financeiro eram, provavelmente, pessoas altamente criativas e com
espírito crítico. E alguns dos que têm o espírito mais empreendedor estão à
frente de organizações mafiosas, em vez de servirem o seu país. Por isso, temos
também de ter em conta qualidades mais vastas a nível do carácter, como a
empatia, a resiliência, a curiosidade, a coragem, a liderança e também os
valores (para pensarmos muito sobre que género de educação é que temos hoje). Fazer isto de forma pensada e sistemática é o que mais distingue o currículo
do século XXI do ensino tradicional».
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