Decorreu esta manhã na Escola Goncalves
Zarco, uma conferência com o Sheikh David Munir - Imã da Mesquita Central de
Lisboa, com este título: «O Islão Hoje». A organização coube aos professores do
grupo de História da Escola Gonçalves Zarco, no âmbito da Semana da História
que ali decorre. Muito benvinda esta iniciativa. Quanto mais esclarecimento no
que diz respeito à dimensão religiosa da humanidade melhor para todos nós.
A conferência revelou-se pouco incisiva
e clara quanto às diferenças que assistem o Islão propriamente dito como
religião que serve a muitos milhões de muçulmanos pelo mundo e a prática
destorcida do Islão levada a efeito pelos grupos radicais, particularmente, o
mais famoso hoje, o denominado Estado Islâmico ou Daesh.
O Sheiks começou por definir o que era o
Islão, as condições ou pilares para ser islâmico e a liberdade que assiste quem
pratica esta expressão religiosa, que até pode abandonar quando muito bem
entender. Adiantou ainda que o Islão não é propriamente uma religião, mas «um
código de conduta de vida». Aliás, é este o ponto essencial da conferência, a
meu ver, porque, esta nuance levanta uma série de confusões. Algumas vezes é
religião, outras vezes conduta de vida. O Ocidente, na generalidade, nunca
entende o Islão como «conduta de vida» apenas, mas como grande religião.
Mais ainda considero que será precisamente
aqui que vai radicar a maior questão com que se debate hoje a humanidade
relativamente ao que diz respeito ao Islão e aos muçulmanos. Esta confusão não
é benéfica. Daí que esteja de acordo com os especialistas que consideram que o
problema islâmico está principalmente dentro do Islão e não fora dele como
tantas vezes consideramos. Deve ser por isso, que os grupos radicais entendem
que pode ser conduta de vida lançar bombas, cortar cabeças e imolar-se para
matar inocentes, com a ideia absurda que esse «martírio» os levará ao paraíso.
Muito errado e redutor a meu ver que a o
Islão seja apenas «uma conduta de vida» e não se aceite em todos os seus quadrantes
como uma grande religião abraâmica. Esta foi para mim a grande novidade da
vinda do sheiks à Madeira e que me faz compreender melhor afinal o porquê do
fundamentalismo, do radicalismo e do terrorismo.
Por fim, agradeço quem trabalhou para
levar esta ideia a efeito e achei interessante esta iniciativa ousada, porque proporcionou
curiosidade, interesse e veio propor reflexão à comunidade escolar e, particularmente,
os jovens e nós também, clero...
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