Escrever nas estrelas
1. Só fica surpreendido com a eufemística
designação de irregularidades da «Raríssimas», quem tem andado distraído. Já
esqueceram os depósitos escandalosos das Cáritas, os bifes do Banco Alimentar e
de todas as falcatruas que a luz do dia tem revelado nos últimos anos relacionados
com a pouca caridade ou falta dela nestas instituições subsidiadas pelo
orçamento geral do Estado e pelos donativos dos cidadãos. Também sei de casos
de mordomias que líderes de instituições de solidariedade social gozam por aí.
2. Não se pode generalizar, é certo. Há
pessoas irrepreensíveis em todas as instituições, que pelas quais coloco as
mãos no fogo. Mas, não tapo o sol com a peneira, no sentido que sob a capa da
caridade, todos os que lá andam são uns anjinhos, que nunca lambem os dedos
depois de mexerem no frasco do mel. As denúncias dos últimos anos vão revelando
que anda por ali muita sujidade e muito aproveitamento.
3. Não se compreende que instituições
voltadas para a solidariedade implantem comodamente direcções e alguns associados,
no enorme rol de privilegiados a viverem à grande e à francesa à conta das
benesses, que provêm dos orçamentos públicos ou dos donativos provenientes da
rica generosidade dos cidadãos. O Estado tem que ter mecanismos de controlo do
dinheiro que disponibiliza para fazer funcionar estas instituições.
4. Mas, há um dado que me inquieta muito
nesta caridade institucionalizada que é o seguinte, não compreendo que a maior
parte destas instituições vivam exclusivamente da fatia de dinheiro proveniente
dos orçamentos públicos e que para sustentarem o seu funcionamento tenham que
ter mais pessoal assalariado do que utentes. Muitas delas apresentam igual
número de utentes e profissionais, algumas até têm mais profissionais do que
utentes, porque se alimentam com a generosa fatia de dinheiro proveniente dos
orçamentos públicos.
5. Obviamente, que
surgem os aproveitamentos quer em termos de visibilidade pública, a vaidade que
alguns líderes destas instituições ostentam nos meios de comunicação social é
bem reveladora de como trabalham para a imagem e para a sua promoção pessoal.
Mas também outros como a srª Presidente da Raríssimas, que não se contentava
com pouco, precisava de bom salário, roupas ricamente luxuosas e de viagens caras.
Um nojo, quando tudo isto tem como fim a solidariedade com doentes profundos,
os pobres dos mais pobres indefesos… Oxalá, que esta situação venha a
clarificar-se e que o Estado se organize melhor. Deve colocar na ordem estas
instituições da caridade e a meu ver deve criar ou alimentar as instituições totalmente
públicas, sem que sejam necessários pequenos reizinhos a gerir a seu bel prazer
os dinheiro que está destinado a todos. O bem comum de todos nós a sim o exige
e os nossos impostos não são para mordomias, mas para inclusão toda a
população.
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