Com a devida vénea...
A
tradição coloca a origem das “Missas do Parto” no início do povoamento da ilha,
com as populações vindas do Minho português, em homenagem à “Senhora do Ó” e
que a liturgia católica distingue neste tempo do Advento.
«Esta
evocação refere-se a Nossa Senhora de expectação, da esperança», que apresenta
a «última fase de gestação» de Maria nas proximidades do Natal de Jesus, da
chegada do Messias.
Nestes
últimos dias, é da tradição «louvar o parto da Virgem» em todas as comunidades
paroquiais da Madeira e Porto Santo, como em mais nenhum lugar do nosso país
acontece.
As
«Missas do Parto» são celebrações exclusivas entre nós, com características
muito particulares. Na generalidade, começam bem cedo, ainda de madrugada.
Congregam grupos de pessoas e romagens de vários sítios. Apresentam versos,
melodias, cânticos, com instrumentos que remontam a séculos passados, como
«búzios, castanholas e o rajão».
Salientam-se
também nestas «novenas» (entre 16 e 24 de Dezembro) as várias «ladainhas» como
saudações à Virgem, pela alegria do nascimento de Jesus.
Um
dos cânticos mais conhecidos, no final da Missa, inclui um pedido de votos de
bom Natal: «Virgem do Parto, ó Maria, Senhora da Conceição, dai-nos as festas
felizes, a paz e a salvação.»
Mas,
a celebração só fica completa com a «animação e convívio no adro da igreja.»
Muito vêm de longe e juntam-se aos paroquianos nesta «festa» que se traduz
também pela partilha de iguarias e sabores específicos desta época, como os
«bolos e broas de mel, o cacau, os licores, a poncha, os petiscos, as sandes de
carne de vinho e alhos.»
Há
muita participação neste evento e a «festa», de ano para ano, fica «cada vez
mais famosa», é conhecida além fronteiras, e motiva o interesse de visitantes e
turistas de toda a parte.
A
opinião é unânime: «não se pode perder esta tradição». As novas gerações também
recebem este «testemunho» sem hesitações, com grande alegria.
No
essencial, o calendário natalício na nossa região está marcado pelas «Missas do
Parto», tudo se faz em função da «Festa», numa convivência natural entre o
religioso e o profano. «Não há Festa como a nossa», desde os tempos antigos. As
«novenas em honra de Nossa Senhora» são também para o «Menino Jesus».
Vera
Luza
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