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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Missas do Parto marcam a «Festa» na Madeira

Com a devida vénea...
A tradição coloca a origem das “Missas do Parto” no início do povoamento da ilha, com as populações vindas do Minho português, em homenagem à “Senhora do Ó” e que a liturgia católica distingue neste tempo do Advento.
«Esta evocação refere-se a Nossa Senhora de expectação, da esperança», que apresenta a «última fase de gestação» de Maria nas proximidades do Natal de Jesus, da chegada do Messias.
Nestes últimos dias, é da tradição «louvar o parto da Virgem» em todas as comunidades paroquiais da Madeira e Porto Santo, como em mais nenhum lugar do nosso país acontece.
As «Missas do Parto» são celebrações exclusivas entre nós, com características muito particulares. Na generalidade, começam bem cedo, ainda de madrugada. Congregam grupos de pessoas e romagens de vários sítios. Apresentam versos, melodias, cânticos, com instrumentos que remontam a séculos passados, como «búzios, castanholas e o rajão».
Salientam-se também nestas «novenas» (entre 16 e 24 de Dezembro) as várias «ladainhas» como saudações à Virgem, pela alegria do nascimento de Jesus.
Um dos cânticos mais conhecidos, no final da Missa, inclui um pedido de votos de bom Natal: «Virgem do Parto, ó Maria, Senhora da Conceição, dai-nos as festas felizes, a paz e a salvação.»
Mas, a celebração só fica completa com a «animação e convívio no adro da igreja.» Muito vêm de longe e juntam-se aos paroquianos nesta «festa» que se traduz também pela partilha de iguarias e sabores específicos desta época, como os «bolos e broas de mel, o cacau, os licores, a poncha, os petiscos, as sandes de carne de vinho e alhos.»
Há muita participação neste evento e a «festa», de ano para ano, fica «cada vez mais famosa», é conhecida além fronteiras, e motiva o interesse de visitantes e turistas de toda a parte.
A opinião é unânime: «não se pode perder esta tradição». As novas gerações também recebem este «testemunho» sem hesitações, com grande alegria.
No essencial, o calendário natalício na nossa região está marcado pelas «Missas do Parto», tudo se faz em função da «Festa», numa convivência natural entre o religioso e o profano. «Não há Festa como a nossa», desde os tempos antigos. As «novenas em honra de Nossa Senhora» são também para o «Menino Jesus».
Vera Luza

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