Publicidade

Convite a quem nos visita

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

O fim da inocência e a geração do excesso

Ao sétimo dia 
Cinema
O anúncio publicitário do filme diz que «O Fim da Inocência» conta a história de uma jovem chamada Inês, mas acaba não sendo só e apenas a sua história. É também a história de muitos jovens que vivem várias vidas, longe dos olhares dos pais, mesmo quando estes se julgam os melhores e mais presentes pais do mundo. 
Aos olhos de todos, principalmente dos seus pais, Inês é a menina perfeita. Estuda num dos mais caros e reputados colégios da Linha de Cascais, e o seu núcleo de amigos é meramente composto por filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Acontece que, por detrás das aparências, a realidade de Inês e do seu grupo de amigos é outra, muito diferente.
Inês e o seu grupo de amigos são consumidores regulares de drogas, têm comportamentos sexuais de alto risco e utilizam o lado mais perigoso da Internet para os seus fins sexuais e não só. Assim, e ainda menores de idade, as suas vidas já se encontram num estado de degradação físico elevado e num descontrolo emocional total. E tudo sem que os seus pais se dêem conta. O filme de Joaquim Leitão baseia-se no livro de Francisco Salgueiro com o mesmo nome: «O Fim da Inocência».
O filme «O Fim da Inocência» de Joaquim Leitão, mesmo que nos sobressalte e até assuste os pais, vem alertar para a vida dupla ou as várias vidas dos jovens de hoje. A discrição resume-se ao seguinte: as suas saídas à noite, os ambientes que frequentam, os amigos e companheiros com quem convivem, a linguagem do puro calão no trato uns com os outros, a leveza como enganam os pais, a confusão entre a mentira e a verdade, a violência uns com os outros, o consumo de drogas, o excessivo consumo de álcool para ficar bêbedo rapidamente, o sexo desregrado e banalizado, daí a pressa quanto à perda da virgindade sobretudo nas raparigas («ninguém vai para o 10º ano virgem…»), a ligeireza como utilizam as tecnologias com total ausências dos perigos que implicam, a ausência dos pais, mesmo que convencidos que fazem o melhor e que estão presentes, quando se vê que facilmente são ludibriados, enganados com mentiras infantis…
Enfim, uma série de situações, que são reflexo de uma alienação e falta de consciência relativamente à própria dignidade dos jovens de hoje, que nos provoca arrepios… Tudo o que filme vai desvelando, conduziu-me a considerar num determinado momento estar a ver um filme de terror, não tanto pelo que a tela demonstra, mas a lembrança de que isto faz parte de alguma realidade dos nossos dias, particularmente, nos meios onde param os jovens.
Não fossem alguns ambientes onde estão os jovens, o filme até podia ser mais do que banal e podia resumir-se a quatro coisas: os jovens e a juventude, consumos de droga e álcool, violência juvenil e bastante sexo. Tudo na máxima medida, totalmente fora de regras.
Um filme que deve ser visto por pais e jovens, para que estes não tenham necessidade de cair no abismo para se encontrarem e retomarem a dignidade da vida (no final Inês volta a tocar piano e promete levar a sério mais esta oportunidade que a vida lhe concede). Quanto aos pais, deve servir este filme para despertarem, tomarem a sério o quanto são enganados e que não bastam os bens materiais para fazer crescer os seus filhos.
Quem puder que vá ver. Mas, alerto para algumas cenas fortes e quiçá um tanto chocantes. Recuso fixar-me naquele famoso cliché da «geração rasca», mas lá que chegamos à «geração do excesso», parece sim! Até porque queiramos ou não o fim da inocência de uma larga maioria de jovens, parece vir, com excesso de álcool para embebedar-se rapidamente, experimentar todo o tipo de drogas e sexo, muito sexo.   

Sem comentários: