Ao sétimo dia
Cinema
O anúncio publicitário
do filme diz que «O Fim da Inocência» conta a história de uma jovem chamada Inês,
mas acaba não sendo só e apenas a sua história. É também a história de muitos
jovens que vivem várias vidas, longe dos olhares dos pais, mesmo quando estes
se julgam os melhores e mais presentes pais do mundo.
Aos olhos de todos,
principalmente dos seus pais, Inês é a menina perfeita. Estuda num dos mais
caros e reputados colégios da Linha de Cascais, e o seu núcleo de amigos é
meramente composto por filhos de embaixadores e presidentes de grandes
empresas. Acontece que, por detrás das aparências, a realidade de Inês e do seu
grupo de amigos é outra, muito diferente.
Inês e o seu grupo de
amigos são consumidores regulares de drogas, têm comportamentos sexuais de alto
risco e utilizam o lado mais perigoso da Internet para os seus fins sexuais e
não só. Assim, e ainda menores de idade, as suas vidas já se encontram num
estado de degradação físico elevado e num descontrolo emocional total. E tudo
sem que os seus pais se dêem conta. O filme de Joaquim Leitão baseia-se no
livro de Francisco Salgueiro com o mesmo nome: «O Fim da Inocência».
O filme «O Fim da
Inocência» de Joaquim Leitão, mesmo que nos sobressalte e até assuste os pais,
vem alertar para a vida dupla ou as várias vidas dos jovens de hoje. A
discrição resume-se ao seguinte: as suas saídas à noite, os ambientes que
frequentam, os amigos e companheiros com quem convivem, a linguagem do puro
calão no trato uns com os outros, a leveza como enganam os pais, a confusão
entre a mentira e a verdade, a violência uns com os outros, o consumo de
drogas, o excessivo consumo de álcool para ficar bêbedo rapidamente, o sexo
desregrado e banalizado, daí a pressa quanto à perda da virgindade sobretudo nas
raparigas («ninguém vai para o 10º ano virgem…»), a ligeireza como utilizam as
tecnologias com total ausências dos perigos que implicam, a ausência dos pais,
mesmo que convencidos que fazem o melhor e que estão presentes, quando se vê
que facilmente são ludibriados, enganados com mentiras infantis…
Enfim, uma série de
situações, que são reflexo de uma alienação e falta de consciência
relativamente à própria dignidade dos jovens de hoje, que nos provoca arrepios…
Tudo o que filme vai desvelando, conduziu-me a considerar num determinado
momento estar a ver um filme de terror, não tanto pelo que a tela demonstra,
mas a lembrança de que isto faz parte de alguma realidade dos nossos dias,
particularmente, nos meios onde param os jovens.
Não fossem alguns
ambientes onde estão os jovens, o filme até podia ser mais do que banal e podia
resumir-se a quatro coisas: os jovens e a juventude, consumos de droga e
álcool, violência juvenil e bastante sexo. Tudo na máxima medida, totalmente
fora de regras.
Um filme que deve ser
visto por pais e jovens, para que estes não tenham necessidade de cair no
abismo para se encontrarem e retomarem a dignidade da vida (no final Inês volta
a tocar piano e promete levar a sério mais esta oportunidade que a vida lhe
concede). Quanto aos pais, deve servir este filme para despertarem, tomarem a
sério o quanto são enganados e que não bastam os bens materiais para fazer
crescer os seus filhos.
Quem puder que vá ver. Mas,
alerto para algumas cenas fortes e quiçá um tanto chocantes. Recuso fixar-me naquele famoso cliché da «geração rasca», mas lá que chegamos à «geração
do excesso», parece sim! Até porque queiramos ou não o fim da inocência de uma larga maioria de jovens, parece vir, com excesso de álcool para embebedar-se rapidamente, experimentar todo o tipo de drogas e sexo, muito sexo.
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