A palavra de Deus neste último domingo da Quaresma, domingo de Ramos,
convida-nos a vermos claramente Deus, que por amor, «abaixou-se» totalmente e
partilhou com a humanidade o que há de mais radical, o sofrimento e a morte.
Este Deus, em Jesus, tornou-se o servo dos servos, entregou-se à morte para que
tudo o que ainda existe de maldade neste mundo fosse vencido. O horizonte da
cruz que a palavra nos mostra, é a lição suprema, do amor que conduz à vida
nova e ressuscitada para que todos os que creem vivam eternamente.
A primeira leitura dá-nos conta que existirá um profeta, chamado por Deus a
testemunhar a salvação a todos os povos, que apesar do sofrimento e da
perseguição, este profeta não desistiu e manteve-se fiel a Deus, no qual Deus
irá manifestar o Seu Plano de Salvação. Os cristãos viram neste profeta a
figura de Jesus.
Na segunda leitura a nota dominante é que estamos perante a mais «alegre»
carta do Novo Testamento. Do início ao final a alegria é a nota dominante.
O abismo da dor e da morte são realidades tão frequentes e tão duras nas
nossas vidas, que muitas razões encontramos para não sermos alegres e até os
mais desanimados de todos, mas se olharmos para Aquele que abdicou de tanto,
para ser um como nós, encontramos, afinal, muitas razões para sermos os mais
alegres e felizes de todos. A confiança no Pai/Mãe que Jesus nos mostra,
garante-nos uma outra força e libertação para vencer o escuro do abismo da
desesperança e o sem sentido deste mundo.
O Evangelho faz-nos o relato da Paixão e Morte de Jesus. Esta é
concretização da maior injustiça da história, mas ao mesmo tempo revela-nos que
este é o momento supremo da vida que se entrega como dom e serviço para
libertar este mundo de tudo o que faz girar a vida nos alicerces do egoísmo e
da injustiça que conduz à escravidão. A cruz de Jesus, é a manifestação
histórica do «grande» amor de Deus que se oferece como dom total.
Assim é, que o Papa Francisco apontou-nos sobre Deus esta belíssima ideia:
«Deus é um apaixonado por nós. Sonha pensando em nós». (Homilia da Missa na
capela da Casa Santa Marta, dia 16 de março de 2015). O Papa Emérito Bento XVI
neste âmbito ensinou: «Cristo ressuscitou e derrotou para sempre a morte! Então
poderíamos compreender verdadeiramente o mistério da cruz». E o Papa Francisco
acrescenta-lhe o seguinte: «A cruz de Jesus é a palavra com que Deus respondeu
ao mal do mundo». Nada mais de acordo com o pensamento de São João da Cruz:
«Quem não busca a cruz de Cristo não busca a glória de Cristo». Por isso, a
convicção certeira de São João Paulo II ficou gravado nos nossos corações: «A
cruz é sinal dum amor sem limites!». Sem tristezas, mas na alegria da
esperança, uma boa semana Santa para todos.
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