Comensal divino
Os cristãos sempre
consideraram que a Igreja nasceu da Páscoa de Cristo. Na Cruz, diz o Evangelho,
Cristo inclinou a cabeça e «entregou o Espírito». Ele manifesta-se vivo e
ressuscitado no meio dos Discípulos, e estes são testemunhas da Sua presença no
mundo. Por isso, a Páscoa é o centro da vida e da fé dos cristãos. Todos são
chamados a participar na vida nova de Cristo Ressuscitado, morrendo para o
pecado e para todas as suas manifestações e consequências, vivendo desde já
como comunidade de ressuscitados. Esta é a missão da Igreja: testemunhar a nova
criação, que Deus iniciou no mundo na pessoa do Seu Filho, Jesus Cristo
Ressuscitado. Pelo serviço concreto da transformação deste mundo, colaboramos
com a salvação que o Senhor Jesus vem trazer a todos.
A Semana Santa merece
ser vivida em oração pessoal com Deus, esforço de conversão e maior dedicação
aos irmãos.
Do Domingo de Ramos à
Quinta-feira-santa, contemplamos os últimos dias do grande retiro quaresmal que
nos apelou à conversão ou à mudança da vida, para acolher de verdade todo o
mistério central da nossa fé. Com a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira-Santa
à tarde, iniciamos o Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O
culminar de todas as celebrações é a Vigília Pascal na noite de Sábado,
madrugada de Domingo. «Esta é a noite...» da glória e da vida em plenitude, como
muito bem alude o canto, do Precónio Pascal - cântico que faz repassar diante
de nós todas as maravilhas de Deus desde o Antigo Testamento até ao Novo
Testamento. Durante esta noite, os diversos gestos simbólicos nos convocam para
a grandiosidade do acontecimento que celebramos, eles são a Luz, a Palavra, a
Água e a Eucaristia... Esta vigília desdobra-se no Domingo da Ressurreição e
nos cinquenta dias do Tempo pascal até ao Pentecostes, que são considerados
como um único e grande Domingo. As celebrações da Semana Santa, são como o
memorial de Cristo, o que significa assumir ou retomar a lembrança dos
acontecimentos antigos da salvação para viver e aplicar eficazmente na vida do
nosso tempo.
A semana Santa ou
Semana Maior, é uma celebração da Igreja convocada para actualizar
permanentemente a Páscoa de Cristo. Os sinais litúrgicos são vividos mediante a
disponibilidade para o serviço do Reino de Deus, que nunca pode ser coisa do
passado, mas realidade sempre nova que radica no compromisso da fé e da
esperança entre o «já» e o «ainda não». Esta tensão é o alimento da fé e da
esperança Cristã, que se celebra no meio das contingências própria da vida
material. Aí descobre-se no concreto da existência a presença de Deus e a sua
mensagem ganha realidade mesmo que envolta em profundo mistério.
Desejo a todos uma
feliz Páscoa. Que nada nos perturbe o essencial. A esperança, a paz e a
felicidade.
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