Ao sétimo dia...
Ali naqueles escombros moravam pessoas
que eu não conheço
mas vejo-as como se fossem minhas próximas
pelo som e pela luz
que em mim me sobressalta comovida
a dor de já não ver as crianças
que já não brincam debaixo das sacadas altas.
os vasos de flores estão todos mortos
há apenas um pó explosivo
sem duvida, eternamente
a teimosia que mata os sonhos
e o sorriso impiedosamente
nos olhos inocentes de qualquer criança.
Os sons que sobem do interior dos escombros
choram também a dúvida em cada episódio
sim, a dúvida de uma dor
pobre e pó derretido pelo ódio.
Antes havia festa lá dentro
onde agora predomina o escuro,
lá soavam gargalhadas infantis
sonhos e pão sobre a mesa que se ajusta
no plano de cada homem que busca o seu futuro.
Então é ver-me aqui amarrado impotente
sobre uma felicidade em não ser eu,
embora nós que somos nos outros também.
Aquele tudo que os outros sentem na desgraça
é um desejo adiado porta fechada
que quando se abre devia desvelar
o terreiro dos vasos das flores alumiado
onde brincariam as crianças livres
sem medo e sem choro angustiado.
Quem sente o que os outros sentem vive
este mundo onde retinem as armas
e as artérias que são pessoas em estado langue,
que é de tanta vingança tenebrosa do negócio frio
como preço cruel de lágrimas e sangue.
É este nada tenebroso do mundo onde me afogo
porque ninguém se importa e é o que dói
o alimento da indiferença é tanto
que se converte as crianças carne de canhão
como um singelo jogo.
Ó alto preço da morte prematura,
terrível guerra que nos mata tanto do céu ao chão
numa natureza humana inteira carente de visão.
JLR
Sem comentários:
Enviar um comentário