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sábado, 17 de março de 2018

O martírio

17 Março de 2018
À Marielle Franco
(barbaramente assassinada no Rio de Janeiro esta semana).
Marielle Franco
Ó revolta que me invade
Como sofrimento impotente
Que está todo no fim do dia,
É este que me tira toda a minha felicidade
Preenchendo a noite com a tempestade
Do ódio
Da vingança
Contra a verdade
A justiça e a dignidade.
Está aí a contradição revoltosa,
Que acompanha o tempo
E todos os passos em volta
Que nos prendem à sede impiedosa
Dos poderosos da maldade
Em todo mundo ontem e agora.
No sangue derramado:
são os sonhos que morrem,
A paz fica ferida,
Os pobres mais pobres,
O sorriso aprisionado,
E a fraternidade adiada.
Ó como estamos presos
No submundo dos desejos tirânicos
Com as fantasias regadas
Com sangue e lágrimas
Dos inocentes que lutam sem armas.
Estes frágeis aniquilados
São gigantes que não morrem,
O Seu sorriso é eterno.
Confundem os que se alimentam
De ódio contra o grande amor
Que nenhuma bala mata
E nenhuma faca corta.
É sangue injustamente derramado,
Que jamais apagará
Esse martírio
Da nossa vida
Que posta à prova todos os dias
Pela intolerância contra a gente
E a ignorância de não saber conviver
Com o que é diferente…
Melhor o que nos consola,
Nenhum martírio teimosamente
Deve ser inútil:
- Pois sangue injustamente derramado
É semente da luta que continua
No coração não acovardado.
JLR 

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