Porque estamos, após a celebração da maior festa cristã, a Páscoa, no tempo do Espírito Santo, ensaiemos uma curta busca sobre o Espírito de Deus no pensamento de algumas figuras incontornáveis do pensamento cristão/teológico. Vamos a isso...
Karl
Barth: «Pelo fato de que Deus se fez homem, o homem se tornou a medida de
todas as coisas».
Teilhard
de Chardin foi um dos poucos que viu claramente esta singularidade ao escrever: «Se nos é permitido modificar ligeiramente uma palavra sagrada, diríamos
que o mistério do Cristianismo não consiste exactamente na Aparição, mas na
Transparência de Deus no universo. Oh! Sim, Senhor, não somente o raio que aflora,
mas o raio que penetra. Na vossa Epifania, Jesus, mas vossa Diafania» (Le
Milieu Divin, Seuil, Paris 1957, p. 162).
Gustavo
Gutiérrez sobre as causas da pobreza: «A partir do ponto de vista da fé,
as causas da marginalização de tantos refletem uma recusa do amor, da solidariedade,
e a isso chamamos de pecado».
Na
Suma Teológica Santo Tomas é cristalino: «teologia é o pensar sobre Deus e
sobre todas as coisas à luz de Deus».
Leonardo
Boff: «O Ressuscitado e o Espírito chegam antes da Igreja e do missionário. Eles
estão presentes na história humana, suscitando amor, bondade, perdão, enfim, a
salvação em curso. Sem
uma teologia do Espírito e do Ressuscitado (que assumiu a modalidade do
Espírito) não se fará um dialogo fecundo com as religiões, com os movimentos
históricos que buscam sentido e com as culturas. Fechados apenas numa
cristologia do Jesus histórico sem incluir suas dimensões cósmicas advindas da
encarnação e da ressurreição, não sairemos do sistema fechado da Igreja. E ela,
pela ação das duas divinas Pessoas, se constitui sempre como um sistema aberto
que dá e recebe, aprende e ensina e se compõe com a humanidade restante que se
encontra sempre sob o arco-íris da graça divina.
Assim,
é o Espírito que nos faz superar o sufoco que sentimos pelo peso das
instituições eclesiásticas ou que areja continuamente a Igreja não permitindo
que se auto finalize, mas que seja sempre sacramento, quer dizer, sinal e
instrumento da salvação oferecida indistintamente a todos especialmente aos
pobres e sobrecarregados pela vida.
O
Espírito é a fantasia de Deus e como tal anima a teologia a ser criativa e a
superar o seu engessamento nas tradições e nas doutrinas codificadas».
É
o Espírito que alimenta a espiritualidade e nutre a experiência mística de
perceber no curso da história humana e nas pessoas a ação divina, para alem dos
limites institucionais das Igrejas e das religiões. E que seremos nós sem o «Ânimo» do pensamento latino ou sem o «dinamismo» do pensamento dos gregos? - Deixemos então que essa acção nos conduza, mesmo que enormemente misteriosa.
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