Publicidade

Convite a quem nos visita

sábado, 11 de novembro de 2017

A Igreja agitada e a comunicação social excitada

Ao sétimo dia
1. É verdade que o tempo da Igreja Católica não se acertou com o tempo da comunicação social. Também é verdade que a história da Igreja é milenar. A história da comunicação social é apenas quase centenária. Porém, nesta guerra do tempo e o modo, sem equipas de padres e leigos bem preparados para lidarem convenientemente com estes novos sinais, a Igreja como instituição perderá sempre, mas toda a sociedade sairá irremediavelmente perdedora. A acção do segredo e a tentação de esconder o que não dá jeito, o escândalo e as más notícias, hoje não cola e não serve ninguém. A transparência e a antecipação devem ser as «armas» utilizadas contra a surpresa e o impato mediático, estes que são o limento da comunicação social dos tempos de hoje.

2. Noutro âmbito, mesmo que relacionado com o tempo, podemos constatar. Uma, a Instituição Igreja Católica, leva muito tempo a ponderar, a responder a perguntas e, nomeadamente, reage e muito raramente age por antecipação. Isto levanta todos os problemas e dissabores sobejamente conhecidos… Um verdadeiro drama, difícil de solucionar, ainda mais quando os principais responsáveis da Igreja Católica, que podiam encetar alguma alteração deste modus vivendi não estão para aí virados ou simplesmente não se deixam sensibilizar por este sinal dos tempos.

3. Outra, a comunicação social, tem sempre muita pressa, tudo é para ontem, porque é necessário não permitir que o adversário (outro órgão de comunicação social) se adiante e «roube» a novidade, o efeito surpresa e o impacto da notícia. Este é um retracto da realidade. Mais há mais.

4. Por um lado, a Igreja Católica, concorre com a responsabilidade milenar e centenária entre nós, o que lhe confere a exigência de ter que ponderar e responder com aturada consistência para que ao problema não junte mais problemas, mais ruído e mais nuvens negras. Muito compreensível em tantas situações, especialmente, quando estão em causa pessoas inocentes, que devem ser preservadas na sua dignidade, privacidade e tranquilidade. A sofreguidão noticiosa não pensa nisso. A vontade de «dar primeiro» fala mais alto, mas provoca muitas situações de profunda injustiça e fere o bom nome das pessoas e das instituições.

5. Por outro, a comunicação social que vive da «última hora» e do «em primeira mão», não conjuga os verbos ponderar, esperar e responder na ocasião certa com a devida consistência das várias pontas do acontecimento. A pressa, mesmo que se saiba que é inimiga da verdade, faz parte do perfil de qualquer órgão de comunicação social hoje.

6. Para a comunicação social excitada a hora certa é sempre agora. No fim, a Igreja Católica não compreende e custa aceitar a pressa da comunicação social, esta por sua vez, também muito menos compreende o silêncio e a eterna ponderação…

7. Enfim, andamos nisto! Uma, que se excita com a pressa, outra que se agita (diz sempre alguém) mergulhada na morosidade. 

Sem comentários: