Pão quente da Palavra
Reflexão para o domingo
XXXIV tempo comum, Cristo Rei do Universo
1. A solenidade de Cristo Rei coincide com o último Domingo do
Tempo Comum ou com o último Domingo do Ano Litúrgico da Igreja. O Ano da
Liturgia da Igreja não coincide com a organização temporal do Ano Civil. O
início do ano, para a liturgia da Igreja não começa no primeiro de Janeiro, mas
no primeiro Domingo do Advento, tempo de quatro Domingos que antecedem o Natal,
como preparação efectiva desse grande acontecimento que é o Nascimento do
Salvador.
2. Como vemos Cristo Rei? – A nossa vida deverá estar em sintonia
com esta realeza diferente que Cristo nos revela. Por isso, reparemos em que
podemos realmente perceber e viver essa dimensão fundamental da fé cristã. Ele
é Rei. Mas um rei que não se coaduna com as injustiças sociais, pessoais e
institucionais. E a sua morte na Cruz é o resultado da sua acção contra tudo o
que não promove a dignidade da vida e do amor entre os homens. É o preço a
pagar pela sua radical preferência pelos desafortunados deste mundo.
3. S. Gregório de Nazianzo: «Enquanto nos é dado fazê-lo,
visitemos Cristo, cuidemos de Cristo, alimentemos Cristo, vistamos Cristo,
hospedemos Cristo, honremos Cristo. E não só com a nossa mesa, como alguns
fizeram, nem só com os unguentos, como Maria Madalena, nem somente com o
sepulcro, como José de Arimateia, nem só com as coisas que servem para a
sepultura, como Nicodemos que amava Cristo só a meias, e nem só, finalmente,
com o ouro, o incenso e a mirra, como já tinham feito, antes destes, os Magos.
Mas, pois que o Senhor de todos quer a misericórdia e não o sacrifício, e uma
vez que a misericórdia vale mais do que milhares de gordos cordeiros,
ofereçamos-lhe precisamente esta nos pobres e naqueles que são abatidos até ao
chão» (S. Gregório de Nazianzo, Discurso 14, 40).
4. A interpelação de Jesus insiste que a verdadeira
realeza reside no paradoxo da grandeza do amor de Deus em nós que se partilha
com os irmãos, sobretudo com os pobres, os débeis, os desprotegidos. A questão
é esta, o egoísmo, o fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão
que sofre, não têm lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida
por esses critérios ficará à margem do Reino.
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